03 abril 2008

Agora, só ano que vem


O Festival de Teatro de Curitiba, hoje chamado apenas de Festival de Curitiba numa tentativa de evidenciar a cidade que o sedia, já se foi, mas posso dizer que este ano consegui aproveitá-lo bem mais que na edição anterior.

Tudo começou com a seleção das peças a serem assistidas. Tarefa nada fácil uma vez que eu tinha que escolher entre cerca de 280 espetáculos. Lá fui eu. Peguei o guia do festival e comecei a marcar as peças que gostaria de assistir...

Hum, da Mostra Contemporânea quero ver esse, esse aqui também, olha que legal aquele alí! Nossa, e tem essa atriz aqui também! Putz! Agora o Fringe. Caramba, é peça que não acaba mais. Vejamos, essa, aquela alí, aquela outra, olha! Essa peça de novo que eu não pude assistir ano passado. Pronto, agora vamos ver quantas eu escolhi. Uma, duas, três, quatro...quinze, dezesseis...vinte uma, vinte e duas! Acho que não vai caber no meu bolso. Bom, vou eliminar algumas daquelas em que o dia e horário coincidem. Deixa ver quantas agora, onze. Mas mesmo assim vai ficar caro porque nessa aqui eu quero levar fulano e tem também o beltrano. Vou diminuir mais a lista (já com dor no coração). Corta, corta, corta, corta. Agora chega! Putz, mas ainda tá caro. Mas é só uma vez por ano! (por que que eu não fiz uma poupança?) Não, não posso eliminar mais nenhuma. Acho que consigo ficar um mês à base de pão de queijo. Vamos ver quantas sobraram. Cinco, e ainda tem uma de graça!

Depois de eleitas as peças e calculado o valor comprei os ingressos (fiz até uma tabela!) e fiquei esperando pelas apresentações, morrendo de medo de ter escolhido alguma peça muito ruim e deixado uma muito boa de fora. Ainda bem que isso não aconteceu. Gostei de todas as peças que assisti.

O Burguês Ridículo

Ambientada na corte do Rei Luiz XIV, na França, a comédia conta a história de Jourdain, um burguês inculto que não mede esforços para conquistar a nobreza e o coração da marquesa Dorimène. Enganado pelo ambicioso conde Dorante, que lhe dá lições de etiqueta, ele é o reflexo dos que sonham em fazer parte de uma elite mesquinha e cada vez mais vazia.

Essa foi ótima. Era de graça e foi a única que começou no horário. Já havia assistido a uma outra peça de Moliére mas essa foi bem melhor. Um ótimo figurino e bons atores. A Cia é o Grupo Caixa Preta de Teatro da cidade de Registro – SP.

Pollyanna

Após a morte de seus pais, a menina Pollyanna vai morar com sua tia, uma mulher muito rica, porém muito amarga. Pollyanna cria então o “jogo do contente” e com seu jeito alegre de ser aos poucos influencia toda a cidade, tornando as pessoas mais amáveis e mostrando o caminho para superar as tristezas.

Nunca li o livro mas achei a Pollyanna “muito contente” para o meu gosto. Gostei da estratégia do diretor de usar duas meninas no papel principal. Aliás, só havia meninas em cena. A Cia é de Curitiba e se chama Cia Verás Atores Mirins.

Farsa

O espetáculo é uma sequência de quatro histórias baseadas em textos de saborosas farsas de grandes autores: “Os Faladores”, de Cervantes; “O Urso”, de Tchekhov; “O Médico Saltador”, de Molière e “Os Ciúmes de um Pedestre”, de Martins Pena. O histrionismo, o exagero e a fisicalidade exacerbada - características das montagens farsescas – marcam a ação de ritmo vertiginoso. A trilha sonora preenche a transição de uma história para a outra, enquanto cenários, figurinos e maquiagem complementam a composição com abundância de formas e cores. Em cena, o elenco se reveza interpretando vários personagens nesta original colcha de retalhos teatral.

Adorei essa peça. Ótima oportunidade para ver os “atores globais” fora daqueles papéis já tão manjados da novela das oito. O teatro estava lotado e Marcos Breda estava magnífico. Palmas também para Cláudia Ohana. O único que destoava um pouco do grupo era Sérgio Marone mas para muitas moçoilas interessadas em sua beleza isso pode ter passado desapercebido. A peça é do Rio de Janeiro.

Sofia

Inspirado no best seller “O Mundo de Sofia”, de Jostein Gaarder, o espetáculo aborda de forma lúdica os principais pensadores e períodos da História da Filosofia.

Não tenho o que falar da história afinal este livro já é mais que conhecido. Os três atores revezam-se no palco para representar os vários filósofos presentes no curso de filosofia que Alberto ministra para Sofia. Pelo o que eu consigo recordar da história do livro a adaptação conseguiu transmitir a maioria dos pontos principais (e que não são poucos). Ponto para a atriz que faz, dentro vários outros, o papel de mãe da Sofia. A peça é da Cia Essencial de Teatro, de Curitiba.

A Conferência

Uma conferência sobre a língua de Java traz duas excêntricas professoras para apresentar sua pesquisa sobre a importância dos monossílabos e das interjeições átonas naquela ilha. Com muita irreverência, elas não só falam de sua tese, mas contam como foi sua viagem, entremeando comentários espirituosos sobre o cenário cultural e político brasileiro.

Divertidíssima comédia do Grupo Ribalta de Petrópolis, RJ. Fazendo humor de tudo, até da platéia, essas duas professoras conseguem facilmente ganhar a simpatia de todos. Infelizmente acho que não prestei muita atenção na aula e até hoje não consigo distinguir entre o Bilabial Sonoro e o Lábio Dental Surdo embora Tia Fanta Maria e Tia Pandora se esforçassem bastante para que todos aprendessem.

Um comentário:

Anônimo disse...

Discordo do comentário sobre o Sérgio Marone... Ele não era o único destoava. Acho que tem um pouquinho de preconceito na crítica, só porque ele é bonito, atrai as moçoilas, e costuma fazer papéis medíocres na tv (não me lembro de nenhum personagem agora)...
Na verdade, quem destova era o Marcos Breda, porque ele era o único realmente engraçado. Os demais estavam todos no mesmo nível: engraçadinhos!