12 dezembro 2007

Ansiedade?


A minha ansiedade aumenta na medida em que tenho menos tempo OU meu tempo torna-se mais escasso na medida em que fico mais ansiosa? Na verdade não importa se Tostines é fresquinho porque vende mais ou vende mais porque é fresquinho. Sempre fui ansiosa ou, falando de outro jeito, nunca tive paciência de esperar. Talvez essa minha impaciência tenha começado junto com as viagens de férias que fazia à casa de meus avós. Eram seis horas dentro do ônibus (tá, comparado àqueles que viajam de São Paulo ao Ceará isso é fichinha) e isso para uma criança de uns 4 anos que passava mal e vomitava a viagem toda, era um martírio. Martírio esse compartilhado com meus pais, é claro. Primeiro agüentavam as minhas incessantes perguntas : Estamos longe? Já estamos chegando? Falta quanto?, e depois, bem, se vocês tiverem um filho que passe mal em viagens saberão do que estou falando.

Também nunca tive paciência para trabalhos manuais. Eu queria ver a coisa pronta e não ter que fazer com calma até ficar pronto. Por isso nunca cheguei ao fim de uma escultura de papel machê, nunca consegui passar do estágio da correntinha no crochê e nunca cozinhei bem. Esperar 45 minutos para assar um bolo era demais para mim. Teve um tempo em que eu vivia em função do que iria acontecer a seguir. Por exemplo, tinha uma festa para ir no sábado e hoje ainda era terça, o que acontecia? Ficava pensando na festa a semana toda. Para as crianças isso não é tão prejudicial assim pois na infância o tempo demora bem mais a passar. O problema é quanto nos tornamos adultos, e pior ainda, adultos na era digital.

Como hoje tudo acontece mais rápido, tendemos a acelerar cada vez mais nossas vidas. Antes você escrevia uma carta, colocava-a dentro de um envelope, grudava um selo (um tipo de adesivo colorido que servia para provar que você estava pagando pela postagem) e dirijia-se até a caixa do correio (um grande receptáculo amarelo geralmente de plástico ou policarbonato com uma fenda na frente por onde eram colocados os envelopes). Essa carta então levava uns dois ou três dias para chegar ao seu destino se você morasse razoavelmente perto do destinatário. E a resposta? Bom, demorava uma semana, uma semana e meia mas sempre chegava. Hoje é assim: “Mas eu te mandei esse e-mail há 5 minutos! Por que você ainda não respondeu?”

Com essa super aceleração da comunicação e das relações acabamos querendo fazer mais coisas do que realmente conseguimos. Com isso surge o outro lado da moeda, a procastinação*. Por ser tudo bem mais fácil e mais rápido e por termos muito mais coisas a fazer acabamos negligenciando nossas tarefas, sejam elas profissionais ou pessoais. É tão simples emitir uma declaração pela internet ou enviar aquela mensagem, por que não deixamos para depois, e depois, e depois? O problema é que esse depois vira vício. Temos meios muito eficientes para desempenhar nossas tarefas mas por eles serem assim, tão eficientes, acabamos deixando tudo para mais tarde. Quando nos damos conta está tudo em cima da hora.

Seria a solução, tanto da ansiedade quanto da procastinação, a desaceleração? Acho que sim. Se pisamos no freio e vivemos uma coisa de cada vez conseguimos controlar a ansiedade. Se controlamos a ansiedade e damos atenção àquilo que estamos vivendo agora, diminuímos os nossos atrasos constantes. Mas não é fácil desacelerar em mundo onde todos querem tudo para ontem.


* deixar para amanhã, postergar.
Foto: Flickr - Álbum de Tataughina

11 dezembro 2007

A Alma Imoral


Assistido por mais de 50 mil pessoas, A Alma Imoral é uma adaptação de Clarice Niskier para o teatro do livro homônimo do rabino Nilton Bonder. Com humor fino e delicadeza, a atriz e dramaturga – vencedora do Prêmio Shell 2007, melhor atriz – coloca em cena as reflexões do rabino sobre o certo e o errado, a obediência e a desobediência, as fidelidades e as traições através de histórias e parábolas judaicas. A partir de narrativas ancestrais, Clarice leva o espectador a percorrer o caminho defendido pelo rabino, de que é preciso transgredir para evoluir. Segundo o pensamento de Nilton Bonder, “não existe tradição sem traição, duas palavras de escrita e fonética tão semelhantes em nossa língua quanto o são interligadas em seu significado mais profundo". É a partir desta idéia que a Alma Imoral propõe uma nova forma de olhar. Um olhar que pressupõe o entendimento de que toda moeda tem o seu reverso, que os opostos são absolutamente necessários, que a obsessão pela fidelidade e tradições inviabiliza a possibilidade de novos caminhos.



Teatro da Caixa – Rua Conselheiro Laurindo, 280 tel 2118 5111
www.caixacultural.com.br classificação 18 anos

APRESENTAÇÕES:
7, 8, 9, 14, 15 e 16 de dezembro – sexta e sábado 21h – domingo 19h

Fonte : Divulgação Caixa Cultural
Fotos: site da peça

Por indicação de um colega assisti à peça no último sábado. Muitas das coisas que vi e ouvi lá estão ainda na minha cabeça (ou seria na minha alma?) mas passá-las para o papel não é tarefa fácil portanto recomendo que assistam. Mas mais que uma peça a ser assistida, ela é uma peça para ser sentida. Sei que prometi a uma pessoa que escreveria minhas impressões sobre ela mas como disse, não é tarefa fácil. O texto veio de encontro com algumas coisas que eu já tinha em mente e lançou mais algumas dúvidas. O que é certo? O certo é o correto? Será que estou conduzindo minha vida da maneira que ela deve ser conduzida? Ainda não sei as respostas (nem sei ainda todas as perguntas!) mas sei que essa peça mexeu comigo e provavelmente com boa parte daqueles que estavam no teatro, cada um a sua maneira.

Estava ouvindo agora a música feita para A Alma Imoral e ela me levou de volta àquele clima intimista, desafiador mas ao mesmo tempo aconchegante. A vontade de repetir a dose no próximo fim de semana é bem grande.

Gostei bastante do texto, então comprei também o livro.

Não há tradição sem traição. Não há traição sem tradição.

22 novembro 2007

Mentiras

Recebi esta mensagem por email. Normalmente leio as mensagens que me enviam e deleto, não tenho paciência de ficar repassando. Mas esta mensagem casou com muitas coisas que penso e achei uma coisa legal de compartilhar (pelo menos com as mulheres). É uma crônica da escritora e colunista Danuza Leão. Não sei quando nem onde foi publicada mas vale a pena ser lida.

"Quantas mentiras nos contaram; foram tantas, que a gente bem cedo começa a acreditar e, ainda por cima, a se achar culpada por ser burra, incompetente e sem condições de fazer da vida uma sucessão de vitórias e felicidades.

Uma das mentiras:

É a que nós, mulheres, podemos conciliar perfeitamente as funções de mãe, esposa, companheira e amante, e ainda por cima ter uma carreira profissional brilhante .

É muito simples: não podemos.

Não podemos. Quando você se dedica de corpo e alma a seu filho recém-nascido, que na hora certa de mamar dorme e que à noite, quando devia estar dormindo, chora com fome, não consegue estar bem sexy quando o marido chega, para cumprir um dos papéis considerados obrigatórios na trajetória de uma mulher moderna: a de amante .

Aliás, nem a de companheira. Quem vai conseguir trocar uma idéia sobre a poluição da Baía de Guanabara se saiu do trabalho e passou no supermercado rapidinho para comprar uma massa e um molho já pronto para resolver o jantar, e ainda por cima está deprimida porque não teve tempo de fazer uma escova?

Mas as revistas femininas estão aí, querendo convencer as mulheres - e os maridos - de que um peixinho com ervas no forno com uma batatinha cozida al dente, acompanhado por uma salada e um vinhozinho branco é facílimo de fazer - sem esquecer as flores e as velas acesas, claro, e com isso o casamento continuar tendo aquele toque de glamour fun-da-men-tal para que dure por muitos e muitos anos.

Ah, quanta mentira!

Outra grande, diz respeito à mulher que trabalha; não à que faz de conta que trabalha, mas à que trabalha mesmo. No começo, ela até tenta se vestir no capricho, usar sapato de salto e estar sempre maquiada; mas cedo se vão as ilusões. Entre em qualquer local de trabalho pelas 4 da tarde e vai ver um bando de mulheres maltratadas, com o cabelo horrendo, a cara lavada, e sem um pingo do glamour - aquele - das executivas da Madison.

Dizem que o trabalho enobrece, o que pode até ser verdade. Mas ele também envelhece, destrói e enruga a pele, e quando se percebe a guerra já está perdida.

Não adianta: uma mulher glamourosa e pronta a fazer todos os charmes - aqueles que enlouquecem os homens - precisa, fundamentalmente, de duas coisas: tempo e dinheiro.

Tempo para hidratar os cabelos, lembrar de tomar seus 37 radicais livres, tempo para ir à hidroginástica, para ter uma massagista tailandesa e um acupunturista que a relaxe; tempo para fazer musculação, alongamento, comprar uma sandália nova para o verão, fazer as unhas, depilação; e dinheiro para tudo isso e ainda para pagar uma excelente empregada - o que também custa dinheiro.

É muito interessante a imagem da mulher que depois do expediente vai ao toalete - um toalete cuja luz é insuportavelmente branca e fria, retoca a maquiagem, coloca os brincos, põe a meia preta que está na bolsa desde de manhã e vai, alegremente, para uma happy hour.

Aliás, se as empresas trocassem a iluminação de seus elevadores e de seus banheiros por lâmpadas âmbar, os índices de produtividade iriam ao infinito; não há auto-estima feminina que resista quando elas se olham nos espelhos desses recintos.

Felizes são as mulheres que têm cinco minutos - só cinco - para decidir a roupa que vão usar no trabalho. Na luta contra o relógio, o uniforme termina sendo preto ou bege para que tudo combine sem que um só minuto seja perdido.

Mas tem as outras, com filhos já crescidos. Essas, quando chegam em casa, têm que conversar com as crianças, perguntar como foi o dia na escola, procurar entender por que elas estão agressivas, por que o rendimento escolar está baixo.

E ainda tem as outras que, com ou sem filhos, ainda têm um namorado que apronta, e sem o qual elas acham que não conseguem viver .
Segundo um conhecedor da alma humana, só existem três coisas sem as quais não se pode viver: ar, água e pão.

Convenhamos que é difícil ser uma mulher de verdade; impossível, eu diria.
Parabéns para quem consegue fingir tudo isso.... "

Danuza Leão

21 novembro 2007

Quanto vale ou é por quilo?

Ontem, Dia da Consciência Negra, assisti ao filme "Quanto vale ou é por quilo?".




Foto retirada do site oficial do filme

O filme é uma livre adaptação do conto "Pai contra Mãe" de Machado de Assis, entremeado com pequenas crônicas de Nireu Cavalcanti sobre a escravidão, extraída dos autos do Arquivo Nacional do Rio de Janeiro e se passa em duas linhas temporais: no século XVIII com a escravidão explícita e o comércio de escravos e nos tempos atuais com a exclusão social e seu sinônimo velado.

A escravidão existiu por que os brancos realmente achavam os negros seres inferiores que só serviam para desempenhar as tarefas mais pesadas?

Não. A escravidão existiu porque também já existiam pessoas sem caráter e o dinheiro falava mais alto. Alguma diferença com os dias atuais? Pessoas sem caráter continuam existindo e aumentaram, na mesma proporção em que aumentou a população do Brasil. O dinheiro fala mais alto que nunca. Quem são os escravos de hoje? É só olhar ao redor, ou quem sabe no espelho.




Foto retirada do site oficial do filme

20 novembro 2007

Like a fish out of water


Para aqueles que como eu não suportam frescura, choradeira e reclamação é melhor parar a leitura por aqui pois aí vem o Momento Diarinho (até os mais duros corações passam por isso).

Desde que me conheço por gente existem momentos em que me sinto totalmente fora d´água. Nunca fui de falar muito. Provavelmente quando eu era criança muitos deviam achar que eu era muda. Mas como de criança tudo se perdôa, consegui sobreviver sem muitos traumas. Tinha as minhas amiguinhas na escola, brincávamos juntas, ficávamos de mal para o resto de nossas vidas e cinco minutos depois já fazíamos as pazes. Eu era feliz! Muda mas feliz.

Quando eu tinha dez anos e ia passar da quarta para a quinta série, meus pais cometeram aquilo que para uma criança é o pior dos pesadelos: eles mudaram de cidade. Basta dizer que eu fui um dia para a aula e nos três seguintes fiquei em casa, de cama, devido a uma crise de bronquite de fundo emocional. Se fiquei amiga de umas duas meninas foi muito. O restante da sala me odiava. Pelo menos eu descobri a leitura. Passava a hora do recreio inteira enfiada na biblioteca. Eu era infeliz! Nerd e infeliz.

Esse tormento durou um ano. No ano seguinte nós mudamos de casa (só de casa, desta vez continuei na mesma cidade) e eu de escola. Para mim não fazia muita diferença mudar de um lugar onde todos me odiavam para outro onde não notavam a minha existência. Até que desta vez foi um pouco melhor. Conheci uma menina chamada Kellen que tornou-se uma grande companheira e no condomínio onde eu morava todos se conheciam e eu passava as tardes me divertindo. Eu era feliz! Em parte feliz.

Após três anos e meio eu estava na metade da oitava série e adivinhem o que aconteceu? Mudança. Voltamos para São Paulo. Uma coisa ruim é ser transferida de uma escola para outra e iniciar o ano letivo com um monte de gente que você não conhece. Já uma tragédia é quando você é transferido de uma escola para outra na metade do ano. Chorei, chorei e chorei quando fui fazer a matrícula na nova escola e bati o pé dizendo que não voltaria a estudar. Preferia trabalhar a colocar meus pés naquela escola. Enfim, como pré-adolescente não tem vontade própria tive que freqüentar as aulas. O meu consolo é que seriam menos de seis meses. Eu era infeliz! Conformada e infeliz.

No ano seguinte estava eu em uma nova escola. Desta vez não foi por causa de nenhuma mudança. Eu já estava no segundo-grau (atual ensino médio) e entrei em uma escola técnica. Tinha aulas das 7:15 da manhã até as 4:15 da tarde. Pode parecer muito cansativo para alguns mas para mim era o paraíso. Hoje olho para trás e digo com certeza que foi a melhor época da minha vida. As amizades que fiz lá, e que não foram poucas, estarão para sempre guardadas no meu coração e na minha memória. Eu era feliz! Extremamente feliz!

Terminado o curso cada um teve que seguir seu rumo e o meu, por motivo de força maior, foi uma breve escala no interior de São Paulo (onde o peixinho aqui quase morreu de tanto ficar fora d´água) e depois para Curitiba. Foram sete anos com notícias esporádicas e até sem nenhuma notícia dos meus queridos amigos que ficaram lá longe. Teve uma época em que eu me sentia tão sozinha e com tanta saudade que eu chegava a sonhar com a turma toda. Quando acordava sentia uma sensação de vazio imensa. Fiz algumas amizades onde trabalhei, com uma pelo menos tenho contato de tempos em tempos. Onde trabalho atualmente tenho aquelas pessoas queridas também, que sentam junto para dar risada

Alguns anos se passaram do dia em que eu terminei meu curso técnico até o dia em que eu voltei a ter aulas, desta vez na faculdade. Novamente, não conheço muita gente. Continuo não falando muito e isso por vezes é mal interpretado. O que eu tenho raiva às vezes é de quem pega no meu pé por esta característica. Por que não vão encher o saco de quem fala demais? (ops! nível de agressividade subindo) Acho que posso dizer que tenho amigos no mundo acadêmico (só para ficar mais chique), pelo menos eu os considero assim. Mas continuo sentindo-me um peixinho numa bacia rasa. Talvez falte cuidado da minha parte, mais dedicação. Como qualquer outra relação humana a amizade deve ser cuidada, deve ter atenção. Eu poderia dizer que isso não é fácil nos dias de hoje e todo aquele papo que envolve mais tecnologia e menos tempo, mas isso não vai diminuir o vazio que sinto. Vontade de compartilhar segredos, de dar conselhos inúteis e rir de coisas bobas. Quero falar, quero gritar que me sinto sozinha, que preciso de companhia, que muitas vezes sinto meu coração apertado mas meu pedido de ajuda morre na garganta. E continuo muda.


13 novembro 2007

Horóscopo



Não sei vocês mas eu nunca dei trela para aquela coisa que vem publicada nos jornais e principalmente nas revistas femininas: o tal de Horóscopo. Será que ainda hoje existe alguém que não sai de casa sem antes ficar sabendo o que os astros lhe reservam? Lembro que quando era criança e minha mãe ouvia aqueles programas da rádio AM sempre tinha o horóscopo do dia. Entrava então a voz de uma mulher junto com uma musiquinha de fundo para dizer num tom meio misterioso o que a amiga capricorniana devia ou não fazer naquele dia. Que cor de calcinha usar, o que comer, quem evitar, se devia ou não jogar no bicho, etc. O engraçado é que aquela "previsão" servia para todas as pessoas daquele signo. Agora imaginem quantas pessoas do mesmo signo existem? Tem também aquelas previsões que não dizem nada com nada. Olha o que o meu horóscopo de hoje me diz:


"Um ideal que inspire, um conhecimento ou viagem que lhe transforme e regras que devem ser transcendidas, eis algumas das manifestações da atual energia astrológica. Ela sinaliza aos piscianos que é tempo de conscientização e de transformação."


Disse tudo e não disse nada. O bom é que assim eu não posso chamar a astróloga (não sei se é esse o nome que se dá a quem escreve horóscopos) de mentirosa. Veja quantas possibilidades ela me deu. E quem é que não precisa de conscientização e transformação? No final, se nada disso se cumprir (?), a culpa vai ser minha que não segui o conselho dos astros.
Hoje recebi um email com algo semelhante a um horóscopo só que ao invés do signo você tem suas características reveladas através do dia do seu nascimento.




Dia 26 – Dia da Justiça


- A justiça na sua mais pura expressão, a perseverança e a moderação são as principais características do nativo deste dia. Tem, também, grande capacidade de discernimento, competência e organização, jamais desistindo dos seus objetivos e ideais, mesmo em algumas ocasiões parecendo indeciso, não sabendo muito bem o que quer.

Então meu erro já começa agora. Se esse dia é o dia da justiça estou fazendo o curso errado. Deveria fazer Direito. Organização definitivamente não é meu forte. Mas concordo que sou indecisa.

- Tem personalidade marcante e certo ar de superioridade, que com certeza lhe garantem certas inimizades e algumas perturbações. Quando é contrariado, torna-se agressivo e mal humorado.

Ar de superioridade? Não, sou tímida e míope e até hoje não ataquei ninguém.

- O nativo deste dia é normalmente um ser solitário, de certa forma incompreendido, parecendo frio e calculista; na realidade, é uma extraordinária alma humana, sempre pronto a ajudar os fracos, os amigos e aqueles que necessitam de ajuda humanitária.

Concordo com o ser solitário e incompreendido mas frio e calculista nem tanto, hahahahaha (risada malígna). Gosto de ajudar os outros, tanto que já comprei uma caneta da Casa de Recuperação Manassés mas não sou tão extraordinária assim pois não contribui com o Criança Esperança.

- Nasceu para mandar. É muito organizado, justo, de aspecto intelectual, com grande cultura e senso de responsabilidade. É também elegante no vestir e despreza o modernismo, preferindo o convencional.

Nasci para mandar? Alguém precisa contar isso para o meu chefe. Organizada de novo? Já disse que não. O aspecto intelectual é por causa do óculos. Elegância é antes de tudo uma questão financeira então, estou devendo neste aspecto.

- Frustrações e decepções podem lhe causar problemas biliares, dores de cabeça, reumatismo e problemas de circulação sanguínea.

Estava demorando para aparecer a parte ruim.

09 novembro 2007

Transitares

Está acontecendo esta semana em Curitiba a Curitiba Literária – o festival da literatura. Acontecem shows, peças de teatro, leitura de poemas, debates, entrevistas e feira do livro. Tudo voltado para a literatura. Como esta semana ainda não apareci na faculdade (e olha que hoje já é sexta- feira) aproveitei para participar de algumas coisas. Uma delas foi o Paiol Literário com o escritor Luiz Vilela. A outra aconteceu ontem no Sesc da Esquina: Transitares, mesa-redonda com os escritores e compositores Tony Bellotto, Arnaldo Antunes e Kledir Ramil.

O que é Transitares? Segundo o programa “este encontro propõe o debate da escrita como ponte entre a produção e a composição musical e o diálogo possível entre os dois universos.”

Embora não tenha lido ainda nenhum livro do Tony Bellotto ou do Arnaldo Antunes e nenhuma crônica do Kledir (àqueles que se perguntam quem é esse Kledir, eu respondo : o nome Kleiton e Kledir lhes diz algo?) resolvi comparecer afinal como fã dos Titãs, não é sempre que teria a oportunidade de vê-los de perto (e de graça).

Cada um falou sobre música, literatura, escrita, composição e como artes distintas como música e literatura podem se misturar e apresentar bons resultados. Já que os três convidados são escritores e compositores falou-se muito da possibilidade de poder transitar entre uma arte e outra. Um romance pode ser adaptado para o cinema, um poema pode se transformar em música e a letra de uma canção pode também ser ao mesmo tempo uma poesia.

Apesar de ser recorrente a adaptação de livros para o cinema, um filme dificilmente (para não dizer nunca) conseguirá transmitir tudo aquilo que a obra original transmite ou fará isso de forma diferente. Um filme é feito de imagens, sons, movimento e cores, ele já é entregue assim. Já num livro você é quem cria todos esses itens e pode percebê-los de formas distintas.

Bellotto disse que quando compõe, quando cria uma letra para uma música, pode até estar fazendo isso sozinho mas faz pensando no grupo, na coletividade: qual é a hora para a bateria, em que parte da canção ficaria melhor um solo de guitarra. E o retorno dessa criação é imediata pois em um show é possível ver e sentir a reação do público. Porém a escrita é um exercício solitário, é apenas o autor e suas idéias e o retorno desse trabalho pode ser bem lento.

Arnaldo Antunes sempre trabalhou paralelamente com a música e a literatura. Para ele artes plásticas, música, literatura e cinema são artes distintas mas que podem sim se misturar desde que seja uma mistura bem feita. Uma poesia, por exemplo, pode virar uma canção desde que essa transição entre uma arte e outra seja feita com competência.

Por tudo que ouvi, tanto no Transitares quanto no Paiol Literário, valeu a pena perder algumas aulas. Posso até já ter aprendido algumas dessas coisas durante as aulas mas ver e ouvir esses assuntos “direto da fonte” me deu uma nova visão do que são essas artes, em especial a literatura. Recomendo a todos que quando tiverem oportunidade semelhante, aproveitem.

07 novembro 2007

Paiol Literário

No último post (e lá se vão alguns meses) eu comentei sobre o jornal literário Rascunho e sobre o Paiol Literário. Ontem eu tive a oportunidade de ir até o teatro Paiol e conhecer de perto o escritor Luiz Vilela. Na verdade fui descobrir a existência de Vilela este ano quando tive que fazer um trabalho de Teoria da Literatura para a faculdade e o tema era o Modo Dramático. Traduzindo: em teoria da literatura estudamos os vários recursos usados pelo autor para escrever um livro. Ele pode narrar a história em terceira pessoa, pode criar um narrador protagonista (como o Bentinho em Dom Casmurro), pode fazer a história ser contada por mais de um personagem e muitas outras formas. Entender o modo dramático é bem simples, basta lembrar das peças de teatro onde a história se conta predominantemente através dos diálogos. O difícil é achar uma obra de ficção, que não seja uma peça mas que seja quase toda em forma de diálogos. Para minha sorte existe o Luiz Vilela. Seus contos são recheados de diálogos e sua novela mais recente, Bóris e Dóris é toda construída em cima da conversa de um casal. Com esse livro e alguns outros contos de outros autores conseguimos (sim, porque não posso deixar de fora meu grupo de trabalho, ainda mais porque a Cris de vez em quando lê este blog) apresentar nosso trabalho e conseguir uma boa nota. Resumindo: eu não podia deixar de comparecer ao Paiol Literário desse mês.

Cheguei lá por volta das sete e quarenta da noite e como o início estava marcado para as oito horas, achei que eu estava no horário. Mas como não estamos em Londres, a palestra começou após as oito e vinte. Parte desse atraso (não sei é assim sempre) foi causado pela equipe de TV que iria filmar o evento. A produtora procurava por voluntários que estivessem dispostos a ler trechos de contos do autor (sem cachê, é claro, tudo pela arte) enquanto eram filmados. Não sei se vocês já foram ao Paiol mas ele é um teatro no mínimo “aconchegante”, mas sem deixar de ser charmoso. Ele é quase uma mini arena onde a platéia se distribui em volta do pequeno palco. E era um tal de iluminação pra cá, câmera pra lá e microfone na lapela que eu não via a hora da “entrevista” começar.

Entra então o convidado da noite, tranqüilo, sossegado, mineiro. Falou sobre como e porque começou a escrever. Contou que desde sempre se viu rodeado de livros, tantos que até no galinheiro tinha alguns. Fez sua estréia aos treze anos de idade e não parou mais. Quando criança gostava de inventar histórias com seus brinquedos. Depois de grande continua brincando, só que de inventar livros. Lembrou com carinho de um professor que teve e que o motivou a continuar escrevendo quando ainda estava no colégio. Disse que uma das técnicas que usa ( se é que eu posso chamar assim) é a de ler em voz alta tudo o que escreve para ver se está bom. Outra é que quando escreve um conto e começa a ler e reler muito e a achar que não está bom o suficiente joga-o numa gaveta e espera o tempo passar. Vilela também falou sobre seu novo livro intitulado Redenção que será lançado no ano que vem. Mas não falou só sobre literatura. Contou também um pouco sobre sua cidade: Ituiutaba que apesar de ter recebido durante muito tempo o título de “uma cidadezinha do interior de Minas”, hoje já é igual a qualquer “cidade grande”. Reclamou da violência que lá existe, tráfico de drogas, roubos, como há em outros lugares.

Um ponto a meu favor foi que descobri que os grandes escritores também não conseguem ler tudo o que “deveriam” ler. Vilela conta que atualmente dedica-se a ler aqueles livros, muitos deles clássicos, que foram ficando para trás. Diz ele: “se eu não ler agora, não leio nunca mais”. Ufa! Não sou só eu que leio menos do que deveria/gostaria. Também falou sobre a situação que temos hoje: muita informação para pouco tempo disponível. Um dos momentos engraçados foi quando Vilela revelou que chega a desconfiar que os livros copulam à noite pois não para de aparecer livro em sua casa.

Assistir a esta palestra me deu vontade de escrever. Acho que porque Vilela fala de um jeito tão gostoso da arte de escrever...Mas isso não quer dizer que não exija trabalho e dedicação. Não sei por que mas sempre tive a idéia de que o livro simplesmente “nasce”. Um belo dia o escritor está sossegado, então tem uma revelação e a história simplesmente se materializa. Tudo bem que isso pode acontecer porém ele me mostrou que por trás do livro pronto e editado existe um grande trabalho. É claro que eu não poderia perder a oportunidade de sair de lá com meu livro autografado. Espero que seja o primeiro de muitos. Para terminar a noite o entrevistador agradeceu a presença de todos e disse : “Peço agora que Vilela se despeça com algumas palavras.” E Vilela: “Boa noite”.

05 agosto 2007

Rascunho


"O jornal literário Rascunho foi criado em Curitiba, em abril de 2000, pelo seu editor, o jornalista Rogério Pereira. Nacionalmente reconhecido pela qualidade de seu conteúdo e pelas polêmicas que fomenta entre escritores, críticos literários e consumidores de literatura, o jornal é distribuído para todo o Brasil, alcançando aproximadamente 12 mil leitores
No Rascunho, cerca de 200 colaboradores de várias regiões do país e do exterior já publicaram resenhas, entrevistas, ensaios, artigos, contos ou poemas. Entre seus colunistas fixos, estão autores como Nelson de Oliveira, Fernando Monteiro e José Castello. Vários outros já lançaram trabalhos inéditos no Rascunho – entre eles, Dalton Trevisan, Affonso Romano de Sant’Anna, Luiz Vilela, Lygia Fagundes Telles, Luiz Ruffato, Ivan Junqueira e Miguel Sanches Neto. O veículo tem 32 páginas, divididas em quatro cadernos, e é publicado em edições mensais."




Para aqueles que têm interesse em conhecer o Rascunho, ele é distribuído gratuitamente na Biblioteca Pública do Paraná.


O jornal literário Rascunho com o apoio do Sesi Paraná e da Fundação Cultural de Curitiba organiza e promove o projeto Paiol Literário. A idéia do projeto é trazer todo mês um autor brasileiro para um bate-papo com o público. Os encontros acontecem, é claro, no Teatro Paiol, em Curitiba. A programação para este segundo semestre já está disponível no site do Rascunho. Dentre os muitos nomes que farão parte do projeto, o mais esperado, para mim, é o escritor Luiz Vilela que estará no Paiol no dia 06 de novembro. Os encontros começam sempre às 20:00 e a entrada é gratuita.

Greenpeace


"Quando a última àrvore tiver caído,
quando o último rio tiver secado,
quando o último peixe for pescado,
vocês vão entender que dinheiro não
se come."

03 agosto 2007

Harry Potter e a Ordem da Fênix


Continuando minha saga pelas salas de cinema finalmente pude assistir Harry Potter e a Ordem da Fênix. A história dispensa apresentações. Quem não sabe quem é Harry Potter? Deixemos uma coisa bem clara: meus ouvidos se fecham para qualquer manifestação contrária tanto ao filme quanto aos livros porque eu simplesmente adoro o Harry tanto que uma das minhas mais recentes aquisições foi uma edição especial com os 4 DVDs dos filmes do Harry Potter. E também não me perguntem por quê. Eu simplesmente adoro a história e sou bem feliz assim. Não lembro quando foi a primeira vez que ouvi falar sobre o menino bruxo que sobreviveu mas lembro que A Pedra Filosofal já fazia sucesso. Na verdade vi os dois primeiros filmes para depois começar a ler os livros. Acho que os anos vão passar e eu vou continuar lendo e viajando com as histórias. Tá, tudo bem, eu sempre tive uma queda pelo "mundo mágico", digamos assim e ler todas aquelas histórias faz com que eu realize mentalmente muitos sonhos de infância. Bom, acho que já deu pra saber minha opinião sobre o filme. Pra quem for assistir, bom divertimento.

24 julho 2007

A menina que roubava livros


Antigamente, quando eu tinha mais tempo e não era tão exigente (ou nada exigente), eu lia muito, muito mesmo. Infelizmente o trabalho, a faculdade, a internet, entre outros, foram fazendo com que eu lesse menos. Não sei dizer se isso é de todo ruim pois, tendo menos tempo para ler eu acabo lendo melhor, dando mais valor à história que está passando na frente dos meu olhos, traduzida na forma de palavras. Foi assim com O caçador de pipas, tinha que lê-lo por obrigação mas não foi sacrifício nenhum acompanhar a vida daqueles dois meninos nas ruas de Cabul. A história é tocante e isso virou, de certa forma, um pré requisito para mim. Só quero ler livros que me transmitam um significado maior, que ultrapasse as barreiras das suas páginas. Achei que levaria algum tempo até encontrar um livro que me emocionasse como O caçador de pipas até que li A menina que roubava livros. A história é verdadeira, nada de contos de fada, nada de reviravoltas mirabolantes, é simplesmente uma ótima história que consegue cativar quem a lê. Se olharmos a história de Liesel, a corajosa menina alemã, como um todo, veremos que ela não é nem um pouco feliz, na verdade é trágica mas é isso que a faz especial. Numa Alemanha dominada pelo nazismo onde todos temem o dia de amanhã, a menina se permite viver. Liesel mostra o que todos nós estamos cansados de saber: viva o dia do hoje, ele pode ser bom, ser ruim mas é o dia de hoje e tudo o que você vai carregar dele são suas lembranças, o cheiro de tinta misturado com cigarro e o som de um acordeon.

20 julho 2007

Passeios - Bosque Alemão




Oratório de Bach - réplica de uma igreja presbiteriana de estilo neogótico que existiu no bairro do Seminário- que abriga uma sala de concertos.



Interior do Oratório - sala de concertos.



Caminho dos Contos - uma trilha no interior do bosque que conduz o visitante à outra extremidade no ponto mais baixo do terreno.






No meio do percurso, que conta a história de "João e Maria" dos irmãos Grimm através de painéis de azulejo, situa-se uma biblioteca denominada Casa da Bruxa (ou Casa de Contos), que é um espaço reservado para desenvolver o interesse pela leitura no público infantil. Diariamente, dezenas de crianças visitam o espaço e participam da "Hora do Conto", onde bruxas e fadas fazem uma leitura teatralizada de contos infantis.




A Bruxa em sua intimidade.





O Gato da Bruxa




Ao final da trilha, chega-se ao pórtico que reconstitui o frontão da Casa Milla que, construída no início do século na Rua Barão do Serro Azul, representa um dos principais exemplares da arquitetura da imigração alemã. A varanda utilizada na réplica é a original.



A paisagem.

Fotos: by warghost.

Fonte: http://www.curitiba.pr.gov.br/Servicos/MeioAmbiente/areas_verdes/parques_bosques/bosque_alemao.htm

19 julho 2007

Maratona de filmes

Julho, frio, férias escolares e um monte de filme lançado quase ao mesmo tempo. Vejamos, SE eu não trabalhasse o dia todo, SE o cinema não fosse tão caro e SE as salas de cinema não estivessem tão cheias acho que minha vida seria um pouquinho mais fácil. Enfim, apesar de todos os obstáculos, consegui bater ponto em alguns dos principais lançamentos:




Homem-aranha 3 - também pode ser chamado de "O dia em que o Peter Parker assumiu seu lado EMO".








Piratas do Caribe - No Fim do Mundo - Tá certo que o Orlando Bloom é bonito mas eu escolheria o Capitão Jack Sparrow (suspiros).










Shrek Terceiro - Dispensa comentários. Quem imaginou que um Ogro poderia ser tão, tão, tão Ogro e divertido?






O Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado - Um surfista ET que quer destruir a Terra. Sem preconceitos pessoal! Não tiveram infância?


Ufa! E não acaba aqui. Domingo que vem tem mais.

03 julho 2007

War of the Worlds


Como estou de férias da faculdade, ontem à noite resolvi assistir a um filme. Minhas opções : X – Men 3, Super Man ou Guerra dos Mundos. Eu jáhavia assistido aos dois primeiros (filmes de super-heróis para quem tem filho são programas certos. O próximo da lista será O Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado) então restou Guerra dos Mundos (War of the Worlds –EUA 2005). Devo confessar que nunca tinha ouvido falar desse filme, ou se ouvi, não lembro.
O filme é dirigido por Steven Spielberg e tem Tom Cruise no papel principal. Ray Ferrier (Tom Cruise) é um homem divorciado que trabalha nas docas. Ele não se sente à vontade no papel de pai, mas precisa cuidar de seus filhos, Robbie (Justin Chatwin) e Rachel (Dakota Fanning), quando eles lhe fazem uma de suas raras visitas. Pouco após eles chegarem Ray presencia um evento que mudará para sempre sua vida: o surgimento de uma gigantesca máquina de guerra, que emerge do chão e incinera tudo o que encontra. Trata-se do primeiro golpe de um devastador ataque alienígena à Terra, que faz com que Ray pegue seus filhos e tente protegê-los, levando-os o mais longe possível das armas extra-terrestres.
Tá bom, eu confesso, fiquei com medo. Mas também, só de imaginar uma máquina daquelas indo atrás de você para te pulverizar com um laser, quem não ficaria? Pensando bem, se fosse para ficar depois perambulando sem rumo, sem comida, sozinha e correndo o risco de ser atacada por um louco qualquer, acho que eu preferiria ser pulverizada. O laser era tão potente que em um segundo não existia mais nada. Uma das piores partes é quando o pai e os dois filhos estão tentando chegar até Boston de carro. Detalhe: o carro em que eles estão é o único que funciona pois os tais alienígenas conseguiram fazer com que tudo parasse. Quando as pessoas que estão tentando fugir a pé, todas já perturbadas com tudo o que está acontecendo, veêm o carro, partem para cima deles e eles são arrancados à força, quer dizer, menos a Rachel, a filha, que parece estar com o traseiro pregado no banco e não pula para fora do carro. Aliás lembrando dela, ô menininha que grita! Tudo bem que a situação não era das melhores mas será que precisava gritar tanto?
Mas o que chamou minha atenção para esta história foi o que eu descobri hoje de manhã consultando o Oráculo. Este filme é uma adaptação do livro A Guerra dos Mundos escrito por Herbert George Wells. Esta história também foi usada por Orson Welles em seu programa de rádio. Às oito horas da noite de dia das bruxas, em 30 de outubro de 1938, Orson Welles começou a transmitir uma dramatização de "A Guerra dos Mundos" de H.G. Wells pela estação de rádio CBS. Por uma hora, ingênuos trechos de música seriam interrompidos por flashes realísticos de radialistas cada vez mais desesperados à medida que iam descobrindo e relatando que explosões em Marte e meteoritos caindo na Terra eram na verdade uma invasão alienígena em pleno curso capaz de vaporizar nossas melhores defesas com 'raios de calor'. Sete mil homens marcharam contra uma única máquina de guerra marciana, pouco mais de uma centena de sobreviventes sobraram na trágica batalha em Grovers Mill, Nova Jérsei. O nosso mundo estava sendo aniquilado, e essa era a travessura de Halloween de Welles.
E o que esta travessura causou? Milhares de pessoas que sintonizaram um pouco depois do início do programa não ficaram sabendo que tudo não passava de dramatização e entraram e desespero acreditando que realmente a terra estava sendo atacada por marcianos. Eram pessoas fugindo para lugar nenhum, lotando as estradas ou então se escondendo em celeiros. Algumas mais corajosas pegavam em armas e saíam à caça dos marcianos. Às nove horas o programa terminava e Welles confortava o público assegurando que o mundo não havia acabado e que tudo havia sido uma brincadeira de Halloween. "... Nós não podíamos ensaboar suas janelas e roubar os portões de seus jardins até o amanhecer ... então fizemos o melhor que podíamos. Aniquilamos o mundo frente a seus ouvidos ...". Quem acreditou na brincadeira ficou indignado e houve pressão para que Welles fosse punido.
Será que hoje também agiríamos da mesma forma? Naquela época o meio de comunicação mais difundido era o rádio e não existia transmissão via satélite nem internet. As pessoas desavisadas ouviam uma parte da história e saíam gritando para os vizinhos que a Terra estava sendo invadida. Eles acreditavam, talvez porque não existisse a Rede Globo (só para citar a principal) e seus BBB’s para nos mostrar que tudo pode ser manipulado e nem o Fotoshop para nos provar que nem tudo que você vê é verdade. Embora hoje pareça ser mais difícil cair numa esparrela dessas, pelo número de informação a que temos acesso, duvido que se você ouvisse o William Bonner anunciando no Jornal Nacional que a terra está sendo invadida você não estocaria o máximo de comida que pudesse e faria barricadas em frente à sua casa.

18 junho 2007

Festa Junina


Se tem uma coisa que eu nunca deixarei de gostar é de Festa Junina. Desde que me conheço por gente esta sempre foi a minha festa predileta. Lembro que na escola todo ano tinha ensaio para a quadrilha e eu sempre estava lá. O problema era conseguir um par, sim porque quando os meninos ainda estavam lá entre os seus seis a oito anos participavam numa boa dos ensaios, mas quando chegavam lá nos nove ou dez anos os "homenzinhos" achavam que já eram grandes o suficiente para se submeterem a esse tipo de coisa. Tirando esse pequeno problema da busca pelo par perfeito, o resto era só festa. Parecia que os ensaios para o grande dia duravam meses e meses (claro que na minha percepção de criança, onde tudo vai passando mais preguiçosamente).
O meu vestido a minha mãe é que se encarregava de fazer.Ter mãe costureira às vezes é um problema porque eu queria mesmo era comprar um vestido (não que os vestidos feitos pela minha mãe não fivassem bonitos) mas ela nunca concordava. Como o mês de Junho é um mês de frio e eu sofria de bronquite o meu vestido era de flanela para que eu não passasse frio e não ficasse doente. Sabe aqueles chapéus de palha cheios de rendinhas e fitas e que têm até trancinha postiça? Pois é, nunca usei um daqueles. Minha mãe achava que ficava mais bonito se eu fizesse as tranças no meu próprio cabelo (que era bem comprido) e colocasse uma fita ou uma flor para enfeitá-lo e assim eu nunca tive a oportunidade de usar o tal chapéu.
Outra coisa que tinha era a venda de votos e a arrecadação de prendas. Levar prendas para a escola significava esvaziar a despensa da sua casa e torcer para sua mãe não perceber. A venda de votos era a parte menos divertida pois teoricamente você teria que pegar um bloquinho com uns cinquenta votos e sair de porta em porta fazendo um olhar de cachorro que caiu da mudança para amolecer o coração dos seus vizinhos e convencê-los a comprar um voto seu. Eu, é claro, nunca fiz isso (se eu fosse sobreviver como vendedora, morreria de fome). Os meus maiores compradores eram meu avô, que sempre comprava alguns votos pra me ajudar, e meu pai, que era quem arcava com o prejuízo quase todo. Lembro que quando estava no pré o menino e a menina que vendessem mais votos seriam o noivo e a noiva e qual é a menina de seis anos de idade que não gostaria de vestir um vestido de noiva todo esvoaçante? Entre os meninos logo apareceu um (por sinal meu amigo) que saiu na frente com a venda dos votos. Já estava definido o noivo. Entre as meninas a disputa ficou entre mim e uma amiguinha minha que morava na mesma rua que eu. Nós ficamos empatadas na venda dos votos. Para resolver o empasse a nossa professora chamou a mim e a minha amiga junto com nossas mães para decidir quem seria a noiva. E qual a maneira mais racional e justa para definir a vencedora? Par ou ímpar! Pois é, nossas mães tiraram par ou ímpar e eu perdi. Como prêmio de consolação eu fiquei com o papel da sogra. É claro que eu preferia ter sido a noiva, centro das atenções, vestir aquele lindo vestido branco todo vaporoso, ter todos os olhares voltados para mim... paciência. Mesmo assim foi muito bom. A nossa professora até montou um teatrinho com umas falas para eu representar bem meu papel de sogra na hora do casamento. Teve até passeio de charrete nos arredores da escola. Mas a dança era a parte que eu mais gostava. Engraçado que é comum as crianças menores chorarem e ficarem com medo ou vergonha de dançar, mas eu não. Sempre adorei dançar quadrilha. Outra parte muito importante da festa eram as barracas de brincadeiras, principalmente a da pescaria que era a minha preferida. Lembro que durante um bom tempo, na rua onde morava, tinha quermesse. Mal começava a festa lá íamos eu e meu pai para a barraca da pescaria. Eu voltava feliz da vida de lá e ele voltava carregado de quinquilharia. Ah! Não posso esquecer dos quitutes juninos: bolo de fubá, pé de moleque, cachorro quente, pipoca, quentão, maçã do amor e aí vai...Ai que coisa mais boa!

17 junho 2007

Jantar de sábado (também pode ser chamado de pecado da gula).

Sábado jantei no Pamphylia Ristorante (para você habitante deste estranho mundo chamado Curitiba, o restaurante fica na Avenida Batel). É um lugar bem frequentado tanto que tive que aguardar alguns minutos para desocupar uma mesa. O lugar é bem aconchegante e o serviço é muito bom. No cardápio : lasanhas, canelones, calzones, espaguetes, risotos, carnes, saladas, sopas... Eu comi um bife à parmegiana gigante (mas calma, não comi sozinha) acompanhado de um fetuccini (acho que é assim, ah...vocês sabem, macarrão de um formato específico). A entrada foi uma salada de folhas verdes, tomate e cenoura ralada com um molho muito bom. Vinho para acompanhar.

Depois de empanturrar a pança com tudo isso ainda tive a audácia de olhar o cardápio para escolher uma sobremesa e eis que me deparo com a palavra : profiterolis.








E é claro que não resisti e pedi o tal do profiterolis. Eis a prova do crime:


Mas o que é isso vocês vão me perguntar? Um cogumelo gigante sofrendo alguma reação química? Um disco voador danificado após uma colisão? Não!!! É o tal do profiterolis (não me perguntem por que o nome está no plural se ele é um só). Tá, pra ficar mais fácil vou tentar descrevê-lo: é uma massa doce assada, igual massa de carolina recheada (se você não sabe o que é uma carolina imagine uma bomba de chocolate, só que redonda), mas uma carolina gigante. Daí a massa é cortada ao meio e é recheada com uma mega bola de sorvete e pra completar é derramada muita, mas muita calda de chocolate por cima disso tudo. Pra eu continuar vivendo normalmente é melhor não pensar quantas mil calorias um profiterolis desse pode ter. Avaliação: muito bom!

O outro exagero gastronômico foi esse aqui:

Sorvete com morangos flambados. Mas calma! Esse aí não era meu, era do meu fiel escudeiro(embora, devo confessar, provei um pouquinho dos morangos).

Detalhe: pelo menos na parte do restaurante onde eu estava só tinha casais. Seria dia dos namorados atrasado?

13 junho 2007

Nascer do sol...


11 junho 2007

Manhã de segunda

Com esse céu a minha manhã de segunda ficou até menos chata.

03 junho 2007

Almoço de Sábado


Como no sábado de manhã tenho aula (ninguém merece...mas é necessário), sempre almoço no centro pois minha barriga recusa-se a esperar que eu chegue em casa. Ontem almocei no Nona Giovanna e aí vai minha dica gastronômica: o Nona fica na Rua São Francisco (se você morar em Curitiba vai ficar bem mais fácil localizar o lugar), mesma rua do Jokers. É um restaurante bem simples e quase imperceptível se você passar muito rápido, mas é muito bom. O nome já dá uma pista do cardápio : massas - vários tipos de lasanha. Mas o que mais sai é o bife à parmegiana. Tem individual e pra duas pessoas e vem : um big bife à parmegiana bem macio, arroz, feijão, maionese, fritas e salada. Eu sempre peço o individual e dá pra duas pessoas tranquilamente (desde que o seu acompanhante não seja um morto de fome). Como eu já disse o restaurante é bem simples (o que eu acho muito bom pois não gosto de frescura), o atendimento é muito bom (tanto que às vezes falta lugar) e o preço é bem em conta - o almoço mais uma jarra de suco de laranja saiu por R$ 14,00.


Bom apetite!




25 maio 2007

O caçador de pipas

Certamente você já deve ter visto ou ouvido falar deste livro. Já faz um certo tempo que ele permanece na prateleira dos mais vendidos e parece que isso ainda vai longe. A príncipio este romance não chamou minha atenção das vezes em que eu fui dar minha volta habitual pelas livrarias. Mas acontece que eu tinha que fazer uma resenha pra faculdade (minha primeira resenha) e tinha que escolher um dentre os livros indicados. Tentei "O processo" do Kafka - sufocante (embora, é claro, que vou lê-lo ainda) - e o "Retrato de Dorian Gray" do Oscar Wilde - cansativo no início (mas é claro que está na minha lista). Tinha também "Madame Bovary" do Gustave Flaubert - não sei se vou lê-lo um dia pois aqueles que fizeram a resenha deste livro fizeram o favor de contar o final. Então escolhi "O caçador de pipas". Li duas vezes e lá fui eu fazer a resenha. Como nunca tinha feito isso tentei buscar inspiração na Revista Entre Livros - ela tem uma boa sessão de resenhas - mas as coisas por lá só me confundiram, cada resenha era de um jeito. O jeito era eu fazer do meu jeito. Devo dizer que nisso o Umberto Eco me ajudou muito com os seus "Seis passeios pelos bosques da ficção" (nota : Umberto Eco escritor italiano que escreveu O nome da Rosa. Sim, foi um livro antes de virar filme com o James Bond, digo, com o Sean Connery no papel principal. Vocês não sabiam disso? Nem eu! Até o dia que a professora pôs o título desse livro na lista para as resenhas. ) Continuando, consegui fazer a resenha e entreguei. Só estava então aguardando a nota pra saber se eu já podia encerrar a minha ainda não iniciada carreira de crítica literária. A professora então devolveu as resenhas corrigidas e não é que eu tirei um nove! Não me perguntem como. Só dêem uma olhadinha na resenha e se acharem boa leiam o livro e se não acharem, leiam também, afinal o livro é muito bom.

O caçador de pipas – Khaled Hosseini

Tradução : Maria Helena Rouanet
Editora Nova Fronteira


Meninos correndo atrás de pipas coloridas. É através de cenas como essa que Khaled Hosseini nos mostra em seu livro de estréia, O caçador de pipas, que crianças serão sempre crianças em qualquer parte do mundo. Apesar da narrativa ter como pano de fundo a invasão do Afeganistão pelos russos e seu posterior domínio pelo Talibã , o que nos dá a impressão de que a realidade vivida pelas personagens em Cabul é muito distante da nossa realidade, Hosseini consegue passar aos seus leitores a sensação de que os fatos ocorridos durante a infância de Amir e Hassan poderiam acontecer a qualquer tempo e com qualquer pessoa. Mas não é só da amizade entre dois meninos que o livro trata. O tempo todo a história nos põe em contato com valores e sentimentos diversos : lealdade, confiança, coragem, poder, covardia, egoísmo.

O caçador de pipas é o primeiro romance desse médico afegão que, juntamente com sua família, refugiou-se nos Estados Unidos após a invasão do Afeganistão pelos russos. Não é difícil pensar no livro como uma autobiografia. Amir, o narrador, e Hosseini nasceram na mesma época, tinham uma boa situação financeira quando viviam em seu país e buscaram abrigo na América quando tiveram que fugir do regime comunista. O fato é que, sendo ou não uma autobiografia, a história consegue ser verdadeira e até mesmo emocionar.

Nos primeiros capítulos do livro o autor impõe um ritmo agradável à narrativa e a leitura chega a ser bem prazerosa. Mas isso não se mantêm durante toda a história. Principalmente nos capítulos finais, quando é mostrado um Afeganistão destruído por guerras, temos a mesma sensação que tem Amir, o narrador, quando volta à sua pátria após muitos anos longe de casa, parece que estamos entrando em um outro mundo.

Amir, o menino privilegiado, filho de um bem sucedido comerciante, causa inveja aos outros garotos quando chega à escola no Ford Mustang preto de seu pai. Ele, embora tenha tudo o que precisa, não tem tudo o que gostaria de ter. Falta-lhe a mãe, que nem chegou a conhecer, e um pai mais presente. Essa falta faz com que ele se revele uma personagem frágil e carente de confiança. Esses fatos talvez até justificassem sua tendência à covardia não fosse a comparação inevitável com Hassan, seu empregado.

Hassan teria bons motivos para se mostrar uma personagem tão frágil quanto Amir : pobre, abandonado pela mãe, e considerado inferior por ser um hazara, um membro da etnia discriminada no Afeganistão. Apesar disso Hassan era corajoso e totalmente devotado à Amir.

A história tem início em Dezembro de 2001 com Amir já adulto vivendo nos Estados Unidos. A primeira frase do livro faz uma alusão a um fato ocorrido no inverno de 1975 que teria mudado bruscamente a vida de Amir fazendo-o fugir de seu passado:

“ Eu me tornei o que sou hoje aos doze anos, em um dia nublado e gélido do inverno de 1975.”

Durante os sete primeiros capítulos o narrador volta em torno de 28 anos no tempo, na época em que era apenas uma criança afegã, para narrar sua infância em Cabul. Em meio às brincadeiras e travessuras de Hassan e Amir vamos descobrindo pouco a pouco um Afeganistão bem diferente do que vemos hoje pela TV. O narrador sai de 2001 e volta à década de 70 quando Amir tem por volta de 10 a 12 anos de idade. A narrativa principal se mantêm entre os anos de 1973 até 1975 embora não exista uma seqüência clara de acontecimentos. É como se fosse uma grande colcha de retalhos. Os pedacinhos de lembrança vão vindo à mente do jovem Amir e vão sendo costurados uns aos outros. Em certos momentos a narrativa volta ainda mais no tempo para lembrar de cenas como o nascimento de Hassan ou até mesmo o casamento de Baba, pai de Amir. Embora sem uma ordem cronológica precisa o leitor em nenhum momento se sente perdido na narrativa. A impressão que se tem é que passamos junto com Amir e Hassan uma preguiçosa tarde de verão. Existem vários momentos divertidos como quando os meninos descobrem que seu grande ídolo do cinema, John Wayne, não falava farsi e não era iraniano. Existem também momentos tensos como aquele em que os garotos são ameaçados por Assef e seus colegas.

A narrativa é toda feita sob a perspectiva de um único personagem desta maneira não existe uma boa visão da diferença de classes daquela época e o que isso causava nos sentimentos das demais personagens. Como Amir era rico, filho de um pai que, embora acompanhasse algumas tradições, não levava a religião muito à sério, não há no livro uma visão aprofundada dos costumes afegãos.

Embora no princípio a história proporcione uma leitura leve, sem muitas descrições, detalhes ou conflitos psicológicos a todo momento o narrador deixa claro que algo ruim está para acontecer o que dá à trama uma crescente tensão que culmina com a agressão à Amir. A partir desse ponto a história perde a leveza e fica mais grave. O autor, nos sete primeiros capítulos vem pouco a pouco trabalhando com a delicada relação de Amir e Hassan e se não fosse desta maneira talvez o que aconteceu naquele dia de inverno de 1975 não tivesse um peso tão grande na narrativa. Hassan e Amir cresceram juntos, mamaram no mesmo peito, eram companheiros inseparáveis e a lealdade de Hassan era surpreendente. Mas mesmo assim Amir não considerava o empregado seu amigo. Na verdade existe aí um conflito entre o que a religião prega e os sentimentos cultivados desde o berço :

“Nada disso importa. Porque não é fácil superar a história. Tampouco a religião. Afinal de contas, eu era pashtun, e ele, hazara; eu era sunita, e ele, xiita, e nada conseguiria modificar isso. Nada.”

“Mas éramos duas crianças que tinham aprendido a engatinhar juntas, e não havia história, etnia, sociedade ou religião que pudesse alterar isso.”


Na primeira parte da história a narrativa vai até o ano de 1976. Após isso há um salto no tempo e vamos encontrar o narrador já com 18 anos em Março de 1981, fugindo com Baba para os Estados Unidos. Desse ponto em diante tem-se uma narrativa linear até alguns anos após a casamento de Amir com Soraya então tem-se um novo salto no tempo da narrativa até Junho de 2001, quando Amir recebe um telefonema do Paquistão.

A chegada de Amir aos Estados Unidos confere um novo ar à narrativa. Por incrível que pareça é na América e não no Afeganistão que o leitor tem um contato um pouco maior com a cultura afegã. Esse contato porém, não é muito estreito já que o autor não se preocupa em aprofundar as explicações acerca da tradição de seu povo. Isso é coerente uma vez que o narrador nunca manteve uma proximidade com os costumes de sua terra natal.

Hosseini por pelo menos duas vezes usa de um artifício muito interressante para “quebrar” o fluxo da narrativa num momento importante da história. A primeira interrupção acontece no dia do campeonato de pipas quando Amir está prestes a presenciar a cena que o acompanharia pelo resto da vida. A segunda é quando Amir, já adulto, volta ao Afeganistão e acaba sendo agredido. Nesses dois momentos o desenvolvimento normal da ação é interrompido para dar lugar às lembranças do narrador. Isso faz com que aumente a atenção do leitor e o sue interesse em saber o que aconteceu.

A narrativa fica tensa e pesada com a volta de Amir ao Afeganistão anos após sua partida. Nesse momento é apresentado um país totalmente destruído. Nem mesmo Amir consegue reconhecê-lo. O que acontece a partir desse ponto é uma aceleração da narrativa devido a um aumento cada vez maior da tensão:

“ – Bismillah! Bismillah! – exclamou ele, arregalando os olhos ao me ver. Passou meu braço pelos seus ombros e me levantou no colo. Sempre correndo, me levou para o furgão. Acho que gritei. Vi as suas sandálias golpeando o chão e batendo em seus calcanhares escuros e calejados. Respirar doía. Depois, lá estava eu olhando para o teto do Land Cruiser, deitado no banco de trás, naquele estofamento bege e rasgado, e ouvindo o “bip, bip, bip” indicando que as portas estavam abertas. Ouvi passos apressados em redor do carro. Farid e Sohrab trocando algumas palavras rapidamente. As portas batendo e o barulho do motor sendo ligado. O carro arrancou e senti uma mão pequenina na minha testa. Sohrab soluçava. Farid continuava repetindo ‘Bismillah! Bismillah!’. “

O caçador de pipas consegue manter a narrativa bem próxima à realidade. Não existem grandes reviravoltas, tais como o bandido que se transforma em mocinho no final, ou algo do gênero. O único senão está na maneira como Amir consegue salvar-se nos capítulos finais do livro mas nada que comprometa a história como um todo. O livro é um grande sucesso de público pois tem uma linguagem acessível; os fatos acontecem em sua maioria em um país do oriente médio o que parece ser uma tendência nos últimos dois anos e fala de sentimentos comuns a qualquer pessoa estando ou não no Afeganistão. Apesar da grande aceitação e de vários comentários favoráveis certamente O caçador de pipas não se tornará um clássico, mas, é um livro que merece atenção.

21 maio 2007

Os dias estão passando mais rápido?

Um dia você para, olha para o calendário e diz "Nossa! Já estamos em Maio! Mas ainda ontem era Janeiro!" Será que tem algum gatuno furtando as horas dos nossos dias, fazendo com que o mês se vá num piscar de olhos? E quando chega aquela famosa e já batida retrospectica de fim de ano você, incrédulo, percebe que aquela notícia bombástica que você jurava não ter mais que um mês de vida já ficou velha e foi passada para trás. O que será que acontece com o Tempo? será que a Terra se revoltou (mais) e resolveu girar mais rápido? Falta tempo pra tudo : estudar, trabalhar, passear, namorar, ser mãe, filha, irmã e principalmente dormir. Ah...dormir... Mas eu não posso me dar a esse luxo! Uma hora de sono a mais significa uma hora a menos que eu terei para tentar cumprir aquela lista interminável de tarefas a que eu me propus. Tudo bem que hoje realmente o mundo está mais acelerado, exigindo que você seja mais e mais rápido mas será que não é hora de pisar no freio? Nem que seja um pouquinho só. Sábado aconteceu uma coisa, digamos, engraçada. Eu tinha aula às oito da manhã então como sempre faço coloquei o celular para despertar às seis e quinze para dar tempo de me arrumar, tomar café, não ter que pagar ônibus muito lotado, etc. Pois bem, minha irmã esqueceu de desprogramar o celular dela e às vinte pras seis da madrugada de um sábado o tal celular me acordou. Felizmente consegui pegar no sono de novo só que daí cadê do meu celular despertar? Acordei às quinze pras sete (hora de estar quase saindo de casa) e aí já viu : troca de roupa, escova os dentes, arruma a bolsa e tenta engolir um potinho de iogurte tudo isso simultâneamente e em no máximo cinco minutos. Bom, consegui pegar o ônibus perto de casa e podia muito bem seguir com o mesmo até meu destino final mas daí vejo um outro ônibus que é mais rápido e vem aquela idéia brilhante "Vou descer aqui e pegar o outro ônibus que eu chego mais rápido". Resultado : o tal ônibus não era o que eu achava ser. Toca esperar o próximo ônibus. Pensei "paciência, já estou atrasada mesmo, agora vou bem sossegada". E assim fui. Consegui pegar outro ônibus vazio (coisa quase sobrenatural naquele horário) e cheguei na aula às oito em ponto.

Depois disso resolvi fazer as pazes com o Tempo : não adianta querer fazer com que ele se adapte à mim, eu é que tenho que me adaptar à ele, assim quem sabe paramos de brigar e ele colabora comigo.

20 maio 2007

Hora de dormir...

Eu ia escrever alguma coisa bem interessante mas como o sono bloqueia minha parte criativa e eu, pra variar, estou com sono só vou deixar registrado aqui meu agradecimento às duas mãozinhas que me ajudaram a dar uma roupinha mais "clean" pras Minhas Fabulosidades.

05 janeiro 2007

E lá se vão seis meses...

...e aqui estou eu retirando as teias de aranha. Tudo bem que tive alguma resistência por parte das aranhas pois elas alegaram usucapião mas agora está tudo resolvido. O que aconteceu nesse tempo de ausência? Bem, mudei de emprego, consegui passar na faculdade (que sufoco!), aconteceram as velhas comemorações da dobradinha Natal/Ano Novo e aqui estou eu em mais um ano.
Estava aqui pensando, será que todo esse clima ano-novo-vida-nova fez com que eu reaparecesse? Sabe como é, retomar velhos projetos, criar novas metas, fazer promessas (parar de fumar, emagrecer, pagar as contas...), isso já tão grudado na idéia de um novo ano, é como se fosse um kit completo e sem nos darmos conta lá estamos nós, pulando onda, enfiando lentilha goela abaixo e separando semente de uva. Bom, até que elaborar uma listinha de coisas a serem feitas é uma boa tática para tentar organizar esta bagunça que chamamos de vida. Mas é claro que essas coisas têm que ser alcançáveis, nao vale escrever lá : ítem 1 - paz mundial, ou qualquer outra coisa do gênero. Se alguém coloca algo não muito palpável ou difícil de alcançar provavelmente vai começar a desanimar lá pelo meio do ano (ou antes até) e quando chegar em dezembro nem lembra o que prometeu. Eu prometo não prometer nada. Não vou nem prometer aparecer mais por aqui, vai ficar assim de surpresa. Quem sabe assim as coisas não andam?