01 julho 2008

WALL·E

este é para o Wally

Não existem mais habitantes na Terra. Seus moradores não conseguiram conviver com seu próprio lixo, embarcaram em um cruzeiro galáctico de luxo na estação espacial Axiom e agora viajam através do espaço. Entregaram-se a uma vida ociosa e passam dias e noites sentados em suas poltronas à beira da piscina.

Na Terra a paisagem é marrom. Os prédios das grandes cidades ainda resistem mas são facilmente alcançados pelas montanhas de lixo. Não existe mais água, não existem mais plantas. Só a areia cerca tudo.

No meio desta paisagem agreste está WALL·E (Waste Allocation Load Lifters - Earth Class – algo do tipo “Empilhadeira de Lixo de Uso Terrestre”), um robô programado para juntar todo o lixo abandonado pelos humanos. Diariamente ele segue sua diretriz: juntar, compactar e empilhar blocos e mais blocos de lixo.

Nada mais de humano restou, mas só aparentemente. Por uma ironia, as atitudes mais humanas vêm exatamente de uma máquina. WALL·E, após ficar trabalhando sozinho na Terra durante 700 anos, desenvolveu consciência e personalidade. É doce e inocente e sua única companhia naquele lugar é uma barata, simpática até, considerando que estamos falando de uma barata. Ao chegar em sua “casa”, o robô se distrai assistindo filmes antigos, colecionando quinquilharias e ouvindo música. Sua rotina é alterada no dia em que chega à Terra EVE, uma sonda que tem como missão rastrear o local à procura de uma forma vegetal, um sinal que indicaria aos humanos que a Terra se regenerou e já é hora de regressar.

WALL·E apaixona-se por EVE e tenta de tudo para chamar sua atenção. Ele até consegue arrancar uns minutos da atenção da sonda mas, ao encontrar uma planta, EVE “reseta” e fica à espera da nave que virá buscá-la. WALL·E não sabe o que está acontecendo e é a partir daí que vemos quanto humano o robô é. Ele faz de tudo para acordá-la. Desesperado não sabe o que está acontecendo com sua amada mas não a abandona, mesmo embaixo de chuva e raios até o dia em que a nave retorna e WALL·E deixa tudo para trás para acompanhá-la.


WALL·E é a nova animação da Disney/Pixar. Tem cenas engraçadas e situações divertidas mas por trás de toda a comédia existe um pano de fundo que nos leva à reflexão. Sentimentos como solidão, amor e doação estão lá para serem lidos nas entrelinhas. Não é mais um alerta sobre “o que acontecerá se não cuidarmos bem do nosso planeta”. Todos nós já sabemos disso e só não tomamos uma atitude porque talvez nos falte a sensibilidade que sobra em WALL·E. Em 2.700, ano em que se passa a história, o que havia sido previsto já aconteceu. Fomos expulsos da nossa própria casa pelo lixo que nós mesmos produzimos. Incapazes de fugir aos comandos de BEBA, COMA, COMPRE, CONSUMA fizemos de nosso lar um imenso aterro sanitário. Acostumados ao mundo dos descartáveis simplesmente jogamos fora um planeta inteiro.

Ao contrário das últimas animações que assisti, recheadas de personagens cômicos, falas engraçadas e piadas, na maioria das vezes, bem construídas, WALL·E quase não tem diálogos e as vozes dos personagens foram criadas eletronicamente, dispensando o trabalho dos dubladores. A evolução do enredo se dá quase totalmente através das situações vivenciadas pelo protagonista onde gestos, expressões e comportamentos valem mais que palavras. Talvez aí esteja o grande sucesso do robô empilhador de lixo. Através de seu comportamento consegue ser transmitir sentimentos que vão da felicidade à solidão.


Entre as muitas boas cenas de WALL·E a mais bonita é aquela em que, auxiliado por um extintor conta incêndio, ele dança com EVE pelo espaço. Um verdadeiro balé nas estrelas.

Site oficial: http://www.disney.com.br/cinema/walle/

Um comentário:

Felipe disse...

Adorei o texto, e também o filme!

Obrigado pela dedicatório, amor.

Bjo doce,

Wally.