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23 janeiro 2010

Na Natureza Selvagem

Busca pela essência da vida. Este é o tema principal do filme Na Natureza Selvagem (Into the Wild), lançado em 2007 e dirigido por Sean Penn. O filme reproduz a história real de Chistopher McCandless (Emile Hirsch), jovem recém-formado que, contrariando a vontade dos pais, abre mão do curso de direito em Harvard, coloca uma mochila nas costas e, durante dois anos, viaja pelos estados da Dakota do Sul, Arizona e Califórnia.

Durante sua jornada Christopher muda seu nome para Alexander Supertramp e tem a oportunidade de conviver com pessoas diferentes daquelas a que estava habituado: um casal hippie, um fazendeiro e um senhor que lutou na guerra. De algum modo Christopher consegue provocar uma mudança na vida dessas pessoas e, em contrapartida, o relacionamento com essas personagens faz com que aumente nele o desejo de alcançar a sua essência fazendo com que ele, após dois anos vivendo como andarilho, parta para seu destino final: o Alasca selvagem. Neste distante estado americano Christopher se vê cercado de nada além de neve e tem como único companheiro seu diário de viagem, no qual registra seus fracassos, reflexões, descobertas e conquistas. Aos poucos ele vai eliminando qualquer resquício da sociedade à qual pertencia, e que não aceitava, e tenta integrar-se à natureza.

A busca pela essência, ou pelo sentido da vida, é um tema bastante explorado pela arte seja através da literatura, da música ou de filmes e, principalmente no cinema, o risco de um filme transformar-se em uma obra puramente motivacional é muito grande. No entanto, o diretor conseguiu tornar a história de um homem que seria considerado simplesmente um maluco em algo altamente reflexivo. O ser humano inúmeras vezes sente-se insatisfeito com a sociedade da qual faz parte, mas ainda assim precisa dela para sobreviver. Cria-se assim uma relação de negação e submissão. Uma vez que o poder da sociedade sobre o indivíduo é quase sempre maior que o poder do homem sobre ele mesmo, torna-se menos doloroso submeter-se à sociedade do que confrontá-la ou abandoná-la. Na Natureza Selvagem consegue despertar na mente do telespectador mais atento questionamentos e reflexões acerca do papel da sociedade e dos indivíduos dentro dela, que permanecem ativos por alguns dias após o contato com a história de Christopher. Não é um filme que se resolve com a exibição dos créditos. Pelo contrário, ele continua sendo reprisado dentro da mente de quem o assiste e esse é seu grande mérito.

01 julho 2008

WALL·E

este é para o Wally

Não existem mais habitantes na Terra. Seus moradores não conseguiram conviver com seu próprio lixo, embarcaram em um cruzeiro galáctico de luxo na estação espacial Axiom e agora viajam através do espaço. Entregaram-se a uma vida ociosa e passam dias e noites sentados em suas poltronas à beira da piscina.

Na Terra a paisagem é marrom. Os prédios das grandes cidades ainda resistem mas são facilmente alcançados pelas montanhas de lixo. Não existe mais água, não existem mais plantas. Só a areia cerca tudo.

No meio desta paisagem agreste está WALL·E (Waste Allocation Load Lifters - Earth Class – algo do tipo “Empilhadeira de Lixo de Uso Terrestre”), um robô programado para juntar todo o lixo abandonado pelos humanos. Diariamente ele segue sua diretriz: juntar, compactar e empilhar blocos e mais blocos de lixo.

Nada mais de humano restou, mas só aparentemente. Por uma ironia, as atitudes mais humanas vêm exatamente de uma máquina. WALL·E, após ficar trabalhando sozinho na Terra durante 700 anos, desenvolveu consciência e personalidade. É doce e inocente e sua única companhia naquele lugar é uma barata, simpática até, considerando que estamos falando de uma barata. Ao chegar em sua “casa”, o robô se distrai assistindo filmes antigos, colecionando quinquilharias e ouvindo música. Sua rotina é alterada no dia em que chega à Terra EVE, uma sonda que tem como missão rastrear o local à procura de uma forma vegetal, um sinal que indicaria aos humanos que a Terra se regenerou e já é hora de regressar.

WALL·E apaixona-se por EVE e tenta de tudo para chamar sua atenção. Ele até consegue arrancar uns minutos da atenção da sonda mas, ao encontrar uma planta, EVE “reseta” e fica à espera da nave que virá buscá-la. WALL·E não sabe o que está acontecendo e é a partir daí que vemos quanto humano o robô é. Ele faz de tudo para acordá-la. Desesperado não sabe o que está acontecendo com sua amada mas não a abandona, mesmo embaixo de chuva e raios até o dia em que a nave retorna e WALL·E deixa tudo para trás para acompanhá-la.


WALL·E é a nova animação da Disney/Pixar. Tem cenas engraçadas e situações divertidas mas por trás de toda a comédia existe um pano de fundo que nos leva à reflexão. Sentimentos como solidão, amor e doação estão lá para serem lidos nas entrelinhas. Não é mais um alerta sobre “o que acontecerá se não cuidarmos bem do nosso planeta”. Todos nós já sabemos disso e só não tomamos uma atitude porque talvez nos falte a sensibilidade que sobra em WALL·E. Em 2.700, ano em que se passa a história, o que havia sido previsto já aconteceu. Fomos expulsos da nossa própria casa pelo lixo que nós mesmos produzimos. Incapazes de fugir aos comandos de BEBA, COMA, COMPRE, CONSUMA fizemos de nosso lar um imenso aterro sanitário. Acostumados ao mundo dos descartáveis simplesmente jogamos fora um planeta inteiro.

Ao contrário das últimas animações que assisti, recheadas de personagens cômicos, falas engraçadas e piadas, na maioria das vezes, bem construídas, WALL·E quase não tem diálogos e as vozes dos personagens foram criadas eletronicamente, dispensando o trabalho dos dubladores. A evolução do enredo se dá quase totalmente através das situações vivenciadas pelo protagonista onde gestos, expressões e comportamentos valem mais que palavras. Talvez aí esteja o grande sucesso do robô empilhador de lixo. Através de seu comportamento consegue ser transmitir sentimentos que vão da felicidade à solidão.


Entre as muitas boas cenas de WALL·E a mais bonita é aquela em que, auxiliado por um extintor conta incêndio, ele dança com EVE pelo espaço. Um verdadeiro balé nas estrelas.

Site oficial: http://www.disney.com.br/cinema/walle/

26 maio 2008

The Number 23

Perturbador. Esta é a primeira palavra que me vem à cabeça ao lembrar do filme. As perguntas que o personagem principal faz são as mesmas que fazemos. Pode um livro comprado ao acaso em uma loja de usados ter como personagem principal a própria pessoa que o lê? As semelhanças existem mesmo ou são apenas fruto de uma mente sugestionável? Walter Sparrow (Jim Carey) ganha de presente de sua esposa um livro intitulado The number 23. De autoria desconhecida, a princípio o livro parece não ser mais do que um romance policial onde o personagem principal e narrador é o detetive Fingerling. À medida que Sparrow avança na leitura começa a perceber que existem muitas semelhanças entre a história contada no livro e sua própria vida. Essas semelhanças parecem ser óbvias somente para ele pois sua esposa Agatha não compartilha da mesma opinião. Para ela estas semelhanças não são mais do que simples coincidências.

O detetive Fingerling é um personagem obscuro e solitário com uma queda por mulheres tão belas quanto perturbadas. A obscuridade aumenta quando o detetive encontra a loira suicida que se diz perseguida pelo número 23. Tal número estaria em todos os lugares. Qualquer simples soma de datas, qualquer medida de tempo ou espaço, qualquer cálculo resultaria no número 23. Após este encontro, Fingerling começa também a ficar obcecado pelo número como se fosse uma espécie de maldição passada de uma pessoa a outra. Para qualquer lugar que olhe, para onde quer que vá o número 23 se faz presente. Sparrow acompanha avidamente a narrativa e, capitulo após capitulo fica mais envolvido com a história tendo a certeza de que o livro foi escrito especialmente para ele. O número maldito então começa a persegui-lo : ele está no número da sua casa, na idade da sua esposa, na data do seu casamento e em qualquer outra situação em que se consiga fazer uma simples conta de adição. Não bastasse a onipresença do número, o livro faz brotar em Sparrow tendências homicidas. Porém, está faltando o capítulo mais importante de todos: o capítulo 23. Sparrow se vê em total desespero quando descobre que o livro está incompleto e decide ir atrás de seu autor. Nessa busca por aquele que parece conhecer seu passado melhor do que ninguém ele se depara com um assassino que jura inocência e um corpo que nunca foi encontrado. Nada parece fazer sentido mas tudo converge para um final que mostra que a realidade e a ficção estão mais próximas do que ele poderia imaginar.

18 março 2008

Antes de partir


Saindo do cinema:


- Você vai escrever sobre o filme?

- Hmmmm, acho que não.


Realmente não ia mas aí comecei a pensar no filme, no dia de ontem que não foi tão bom a princípio (segunda-feira, serviço que não parava de chegar, fim de semana não muito produtivo, desânimo, preguiça e uma pitadinha de TPM só para dar um gostinho) e resolvi escrever.


Basicamente The Bucket List (Antes de partir) conta a história de dois homens (interpretados por Jack Nicholson e Morgan Freeman) que se conhecem num quarto de hospital e descobrem que ambos estão com câncer em estágio terminal e só têm mais 6 meses de vida. Decidem então fazer uma lista de tudo que ainda desejam realizar antes de partirem e embarcam juntos numa viagem pelo mundo tentando cumprir todas as tarefas. Carter Chambers (Morgan Freeman) diz: quarenta e cinco anos passam muito rápido. Eu digo que um mês passa muito rápido. São tantas coisas para fazer que muitas vezes fico de saco cheio, como ontem, e tenho vontade de não fazer mais nada.
Mas para não ter que esperar até aparecer um médico me dizendo que tenho só mais 6 meses para então eu resolver me mexer, comecei a um tempo atrás a tentar organizar minha vida colocando tudo o que eu preciso e o que quero fazer em listas. Tudo bem que pode não seguir muito a idéia do Carpem Diem mas é uma maneira prática de me organizar e fazer sobrar mais tempo para aquilo que gosto. Minhas listas eu fiz no Remember the Milk. Fiz várias delas tentando organizar tudo por categorias. Alguns itens têm data marcada (nem sempre cumpridas, devo confessar) e outros não. Geralmente os itens com data marcada são tarefas burocráticas. Os outros podem ser classificados como desejos a serem realizados mas só de estarem lá, devidamente listados, ficam um pouquinho mais reais. A falta de espontaneidade da lista é recompensada quando vejo quantas coisas eu já consegui fazer. Dá uma sensação de tarefa cumprida, de que, afinal de contas, estou usando meu tempo com coisas úteis.


Outro tipo de lista bem legal é a 101 coisas em 1001 dias. O título é auto-explicativo. Você deve tentar cumprir suas 101 tarefas dentro daqueles 1001 dias. As tarefas precisam ser específicas, realistas, mensuráveis e exigir algum esforço da sua parte, mesmo que pequeno. Pode ser desde passear 3 vezes por semana com seu cachorro até escrever uma carta para alguém que você não vê a muito tempo (a volta ao mundo pilotando uma patinete também vale). A idéia de especificar suas tarefas é bem interessante pois lembro que em um dos treinamentos motivacionais que fiz onde trabalho o instrutor pedia a cada um dos participantes para exprimir em uma palavra ou duas o que a pessoa queria para a sua vida. Vieram felicidade, amor, saúde, alegria, paz. Muito bem, disse o instrutor, mas você tem idéia de que tipo de paz deseja? Paz para você, para o mundo? Como você vai conseguir isso e como você vai saber que conseguiu? Tem como medir? Pois é. Não adianta querer abraçar o mundo se você não consegue nem manter seu quarto limpo por um mês.


Eu ainda não tenho a minha lista de 101 coisas mas pretendo fazê-la. Mas o mais importante do que simplesmente ficar caçando 101 tarefas para completar minha lista é fazer com que o cumprimento dessas tarefas realmente faça alguma diferença para mim. Já estou cansada de fazer só por fazer.