16 janeiro 2008

O dia em que roubaram meu trono

"Meus oito anos

Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!... "

Casimiro de Abreu

Se eu fosse escrever um poema sobre a minha infância, ao invés de "Meus oito anos" eu o chamaria de "Meus seis anos". Por quê? Pelo simples fato de que até os meus seis anos eu era a criança da casa, a dona da bola, a única soberana que reinava deslumbrante naquele reino chamado Lar. Tudo era meu: bandejas de Danoninho, barras de chocolate, pacotinhos de Cheetos... Tudo era para mim: brinquedos, mimos, passeios, festinhas de aniversário... Depois dos meus seis anos vieram meus irmãos e meus primos para pôr em risco o meu trono. Muitos devem estar pensando "nossa, que menina mais egoísta!", mas aqueles que são primogênitos concordarão comigo. O mundo nunca mais é o mesmo após o nascimento do seu primeiro, segundo, terceiro irmão. Não que isso seja ruim. É sempre bom ter irmãos, alguém com quem brincar e principalmente brigar. É sempre bom ter companhia. O problema é que, ao contrário dos filhos que se multiplicam, o danoninho e o chocolate não. Não existe mais o meu, agora tudo é nosso e será assim até a idade adulta. Minha mãe vive falando que quando a minha irmã nasceu eu fazia questão de não chegar perto. Não era por maldade (eu acho), nas eu tinha que defender meu território e mostrar àquele bebê com cara de joelho quem é que dava as ordens alí. A verdade é que, por mais que você faça birra e manha, um dia vai ter que se acostumar a dividir suas coisas e (tentar) viver em harmonia.

Os anos passaram, nasceu também meu irmão e acho que conseguimos superar nossas crises infantis. Atualmente só brigamos por coisas sérias como quem vai usar o computador ou comer a última fatia de bolo.

ps.: Para que não fiquem pensando mal de mim, esclareço que amo meus irmãos. Isso é só um desabafo pois a história do Danoninho me marcou profundamente.
Irmãzinha, não fique brava pela "cara de joelho" pois você era o joelho mais lindo do berçário.

2 comentários:

Anônimo disse...

Bom, eu não posso falar muita coisa pq sou a mais nova lá em casa. Acho que meu irmão deve ter sentido a mesma coisa que vc qdo nasceu minha irmã. Qdo eu nasci ele tinha 9 anos e já tinha se acostumado a ter alguém pra dividir as coisa. Se bem que eu e minha irmã sempre tivemos a leve impressão de que ele sempre foi o mais mimado da casa, embora ele negue.

=D

Anônimo disse...

Eu sou a mais velha, mas nunca senti essa sensação de ter sido "destronada"... Eu tinha 3 anos quando minha irmã nasceu, então não lembro muito da minha vida antes dela.
Mas eu conheço muito bem essa história do danoninho... Sempre tive 4 danoninhos, 10 Bis, 4 yakults, metade do quarto... Lembro muito bem da divisão das caixas de bombons: tinha que ser a mesma quantidade e o mesmo tipo de bombom, os sabores que vinham em número ímpar eram da minha mãe!
Agora eu to vivendo o contrário: minha irmã foi embora, e agora, pela primeira vez,eu tenho um quarto só pra mim, a posse do controle da TV... Já fazia um tempo que a divisão das guloseimas não era mais feita de forma tão rigorosa, afinal a gente cresce (eu acho), mas agora eu tenho algumas coisas em dobro, principalmente o Baconzitos, a Trakinas e a Passatempo Recheada, que meu pai continua comprando a mesma quantidade: sempre dois de cada.
Sabe, eu gostava mais quando tinha que dividir tudo.