09 setembro 2010

Telemarketing


Eu sei que as pessoas tem que trabalhar e que nem todos podem ficar escolhendo de qual tipo de trabalho tirarão seu sustento, mas telemarketing está em uma das últimas colocações da lista "o que quero ser quando crescer".

Antes que os operadores de telemarketing comecem a me crucificar tenho a declarar a meu favor que já trabalhei com isso. Não era telemarketing ativo, eu apenas atendia as ligações dos consumidores e encaminhava ou resolvia as solicitações, mas o estresse era o mesmo: aguentar gente mau-humorada, nervosa, mau-educada gracinhas e de vez em quando até xingamentos.

Aconteceu dias desses. Eu estava trabalhando no escritório quando o telefone tocou. Era um rapaz oferecendo  uma nova, única e inédita promoção que um famoso jornal estava lançando. Falou sobre as vantagens, como funcionava e como eu era felizarda de poder aproveitar tudo aquilo. Eu ouvia tudo calmamente. 

Quando encerrou seu discurso perguntou:

- A senhora entendeu tudo?
- Sim

- A senhora tem alguma dúvida?
- Não

- A senhora mora en rua ou avenida?
- Rua

- Qual é o nome da rua?
- Por que você quer saber o nome da rua?

- Para cadastrá-la na promoção (entenda-se aqui para enviar jornais para minha casa e depois cobrar por isso)
- Mas você não perguntou se eu quero participar

- A senhora deseja participar?
- Não.

- Então obrigado e tenha uma boa tarde.


Confesso que a tentativa foi boa e tenho certeza de que muitos acabaram comprando o produto sem perceber. 

Infelizmente para o rapaz que ligou, uma das minhas manias é fazer análise do discurso.


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