Busca pela essência da vida. Este é o tema principal do filme Na Natureza Selvagem (Into the Wild), lançado em 2007 e dirigido por Sean Penn. O filme reproduz a história real de Chistopher McCandless (Emile Hirsch), jovem recém-formado que, contrariando a vontade dos pais, abre mão do curso de direito em Harvard, coloca uma mochila nas costas e, durante dois anos, viaja pelos estados da Dakota do Sul, Arizona e Califórnia.
Durante sua jornada Christopher muda seu nome para Alexander Supertramp e tem a oportunidade de conviver com pessoas diferentes daquelas a que estava habituado: um casal hippie, um fazendeiro e um senhor que lutou na guerra. De algum modo Christopher consegue provocar uma mudança na vida dessas pessoas e, em contrapartida, o relacionamento com essas personagens faz com que aumente nele o desejo de alcançar a sua essência fazendo com que ele, após dois anos vivendo como andarilho, parta para seu destino final: o Alasca selvagem. Neste distante estado americano Christopher se vê cercado de nada além de neve e tem como único companheiro seu diário de viagem, no qual registra seus fracassos, reflexões, descobertas e conquistas. Aos poucos ele vai eliminando qualquer resquício da sociedade à qual pertencia, e que não aceitava, e tenta integrar-se à natureza.
A busca pela essência, ou pelo sentido da vida, é um tema bastante explorado pela arte seja através da literatura, da música ou de filmes e, principalmente no cinema, o risco de um filme transformar-se em uma obra puramente motivacional é muito grande. No entanto, o diretor conseguiu tornar a história de um homem que seria considerado simplesmente um maluco em algo altamente reflexivo. O ser humano inúmeras vezes sente-se insatisfeito com a sociedade da qual faz parte, mas ainda assim precisa dela para sobreviver. Cria-se assim uma relação de negação e submissão. Uma vez que o poder da sociedade sobre o indivíduo é quase sempre maior que o poder do homem sobre ele mesmo, torna-se menos doloroso submeter-se à sociedade do que confrontá-la ou abandoná-la. Na Natureza Selvagem consegue despertar na mente do telespectador mais atento questionamentos e reflexões acerca do papel da sociedade e dos indivíduos dentro dela, que permanecem ativos por alguns dias após o contato com a história de Christopher. Não é um filme que se resolve com a exibição dos créditos. Pelo contrário, ele continua sendo reprisado dentro da mente de quem o assiste e esse é seu grande mérito.