Filosofia de botequim, ainda que não concebida em um.
- O que me falta?
- Do que eu sinto falta?
- Não posso mudar o passado, logo não devo me arrepender
- Não tenho que agradar todos
- Mesmo que eu dedique minha vida a agradar os outros, ainda assim não agradarei a todos que quero.
- Não posso ir contra o fato de que nem todo gostarão de mim. O defeito pode ser meu mas também pode não ser.
- Não vou conseguir fazer tudo o que quero.
- Não vou conseguir fazer tudo o que preciso.
- Não tenho que dar conta de todas as tarefas que o mundo me atribui.
- Tenho que conviver com o fato de que existem pessoas que não prestam.
- Não tenho que gostar de todos.
- Não preciso provar nada a ninguém.
- Não posso fazer pelos outros mais do que aquilo que eles desejam receber de mim.
- Estamos ao mesmo tempo juntos e sozinhos.
- Não conseguirei congelar o tempo nos dias em que fui mais feliz. Tenho que buscar outros dias felizes.
- Não preciso abandonar prazeres antigos só porque fiquei mais velha. Posso refiná-los.
- O mundo não gira ao meu redor mas posso criar o meu mundo.
28 outubro 2008
Proposições e devaneios
Comentário (im)pertinente de Kátia às 23:08 2 comentários
03 outubro 2008
Fim
Hoje pela manhã terminei um relacionamento. Não foi longo. Durou um mês, um mês e meio no máximo. Mas foi intenso. No começo não achava que daria certo, que nos daríamos tão bem pois não tive chance de escolher estar com ele, foi algo imposto a mim. Nosso primeiro encontro foi um pouco estranho. Eu não entendia muito bem o que ele dizia pois em um momento mostrava uma face e no dia seguinte já parecia outra pessoa. Na verdade ele era um conjunto de várias personalidades: religioso, sarcástico, sério, brincalhão, verdadeiro e por vezes mentiroso. Mas tinha uma sabedoria de dar inveja a muita gente. Contou-me coisas de um passado bem distante e que ainda hoje se fazem presentes no meu dia-a-dia. Algumas das coisas que ele me segredou fizeram com que eu duvidasse e por vezes considerasse mentira muito do que outras pessoas me ensinaram ao longo da vida. Mas como muitas vezes eu não tive certeza da veracidade de suas palavras nunca consegui saber se tudo o que ele me contava havia realmente acontecido.
Víamo-nos todos os dias; às vezes pela manhã, dentro do ônibus mesmo, outras vezes na hora do almoço e outras tantas em casa, já deitada na cama. Nessa ocasião em particular, eu sempre acabava pegando no sono antes dele terminar suas histórias. Mas ele não se importava com isso e aguardava até o outro dia para finalizar sua explicação e por vezes e pacientemente voltava a alguns fatos que eu havia deixado passar por falta de atenção.
Mas apesar de nos darmos tão bem, eu sabia que o fim estava próximo. Foi hoje pela manhã quando eu estava indo trabalhar que ele me disse adeus. Confesso, senti um aperto no coração. E agora, perguntei-me, quem vai me acompanhar, contar histórias, me fazer rir? Senti-me sozinha e tive até vontade de chorar. Mas não pude prendê-lo. Ele é livre para conhecer outras pessoas assim como eu sou livre para ter novos relacionamentos, mas vou sentir sua falta. Quem sabe no futuro eu não o encontre novamente? Provavelmente meu sentimento por ele estará mais maduro pois não será mais uma novidade. Então poderei apreciá-lo com calma e descobrir novas formas de lê-lo.
Víamo-nos todos os dias; às vezes pela manhã, dentro do ônibus mesmo, outras vezes na hora do almoço e outras tantas em casa, já deitada na cama. Nessa ocasião em particular, eu sempre acabava pegando no sono antes dele terminar suas histórias. Mas ele não se importava com isso e aguardava até o outro dia para finalizar sua explicação e por vezes e pacientemente voltava a alguns fatos que eu havia deixado passar por falta de atenção.
Mas apesar de nos darmos tão bem, eu sabia que o fim estava próximo. Foi hoje pela manhã quando eu estava indo trabalhar que ele me disse adeus. Confesso, senti um aperto no coração. E agora, perguntei-me, quem vai me acompanhar, contar histórias, me fazer rir? Senti-me sozinha e tive até vontade de chorar. Mas não pude prendê-lo. Ele é livre para conhecer outras pessoas assim como eu sou livre para ter novos relacionamentos, mas vou sentir sua falta. Quem sabe no futuro eu não o encontre novamente? Provavelmente meu sentimento por ele estará mais maduro pois não será mais uma novidade. Então poderei apreciá-lo com calma e descobrir novas formas de lê-lo.
A República dos Bugres
Vencedor do Prêmio Guimarães Rosa de 1998, do Governo do Estado de Minas Gerais, o romance de Ruy Tapioca impressiona tanto pela seriedade da pesquisa dos fatos históricos que o embasam, quanto pela riqueza da linguagem e a segurança com que a narrativa está estruturada.
Trata-se de um romance histórico, em tom picaresco, envolvendo um período que abrange da chegada da família real portuguesa, ao Brasil, em 1808, à Proclamação da República, em 1889, na visão das classes subalternas, ou dos enjeitados, representadas por um suposto filho bastardo de Dom João VI, que se torna mestre-escola, e um filho de escravos, que chega a ser capelão do Exército Brasileiro na Guerra do Paraguai.
Dando asas à imaginação na construção e desenvolvimento da sua narrativa, o autor se valeu também de personagens reais, tendo como fonte as Memórias para servir ao reino do Brasil, do padre Luiz Gonçalves dos Santos, vulgo Perereca. E hoje confessa haver tido como influência o Recurso do método, o clássico do cubano Alejo Carpentier. O resultado final é uma alamentada contribuição às comemorações dos 500 anos do Brasil.
Este A república dos bugres surge em um momento oportuno para uma reflexão sobre a História do país e a nossa formação como povo. Além de ser uma realização literária de fôlego.
Sobre o autor
Ruy Tapioca nasceu em Salvador (BA), em 1947, e reside no Rio de Janeiro desde 1958. Exerceu cargos de gerência em empresas estatais de grande porte e foi professor universitário.
Aposentado, dedica-se atualmente à literatura, além de colaborar, como voluntário, em uma ONG de defesa dos direitos humanos. A república dos bugres, seu romance de estréia, foi agraciado com quatro prêmios literários: Guimarães Rosa (Minas de Cultura) de romance, 1998; Octavio de Faria, de romance, da União Brasileira de Escritores, 1998; Biblioteca Nacional, para romances em andamento, 1997 e Prêmio Cidade do Recife, Ficção, 1998 (menção honrosa).
Comentário (im)pertinente de Kátia às 13:22 4 comentários
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