(Este post ficou bem extenso. Para facilitar a leitura resolvi dividí-lo em duas partes - A e B. Aqui vai a parte A.)
Como fiquei desde o começo do ano pesquisando, lendo e pensando nesta viagem eu já tinha em mente alguns lugares que gostaria de visitar, além daqueles óbvios do tipo Obelisco e Casa Rosada. Um deles era o Temaiken, uma mistura de zoológico e parque ecológico, que fica fora de Buenos Aires. Para chegar até lá a linha de ônibus indicada é a do semirrápido 60 que parte da Plaza Itália e deixa os visitantes na entrada do parque. Neste quarto dia de viagem saímos cedo do apartamento, pegamos o metrô e chegamos até a praça. O problema é que não tínhamos moedas, item de primeira necessidade no quesito transporte coletivo.
El colectivo |
Explico: os colectivos (como são chamados os ônibus em BsAs) não têm cobrador e nem catracas, somente motorista. Quem cobra a passagem é uma máquina de moedas posicionada logo após o assento do motorista. E sendo uma máquina de moedas ela só aceita, moedas! Descobrimos isso em nosso segundo dia quando tentamos pegar um ônibus e pagar com cédulas ao que o motorista apenas repetia “monedas, monedas!” Funciona assim, você entra no colectivo, diz para o motorista o cruzamento mais próximo do lugar em que quer desembarcar e quantas pessoas são (no nosso caso a frase decorada para
voltar para o apartamento era “três hasta pena” ou “três pueyrredon com pena"). Ele então aperta uma maquininha que fica no painel do colectivo e imediatamente o valor da viagem aparece no visor da maquina de moedas. Daí é só ir colocando as moedas até alcançar o valor cobrado (o mesmo principio das máquinas de refrigerante). É devolvido troco quando necessário e sai até um minirrecibo.
Trocamos algumas moedas na bilheteria do metrô mas precisávamos de mais pois não sabíamos o valor exato da passagem. Tentamos então uma banca de revistas e um kiosco, sem sucesso: eles não trocaram nem um peso sequer e nos indicaram o banco. Fomos então até a agência do Banco de La Nación que fica próximo à Plaza Itália.
Plaza Itália e lá atrás a agência do Banco de La Nación Argentina |
O Banco de La Nación merece um parêntese: sem caixas eletrônicos ou terminais de autosserviço, nesta agência que fui só havia um caixa eletrônico na entrada. Também não havia detectores de metal e nem aquela irritante porta giratória que te faz tirar quase toda a roupa. Como alerta, somente um recado grudado na parede “Desligue o celular”. Inacreditavelmente em um canto, ao lado da porta de entrada, havia uma barraquinha onde uma mulher vendia água, biscoito, chocolates e balas. Um camelô dentro da agência! As pessoas que trabalham no banco ficam atrás de longo balcão de madeira e existe uma fila somente para a troca de moedas. Você entrega uma cédula de 20 pesos e recebe em troca um saquinho já preparado com moedas de 1 peso. Estava explicado porque ninguém fora do banco trocava moedas.
Saindo do banco fomos procurar o ponto da linha 60. Depois de contornar toda a praça e entrar no ônibus errado (era 60 mas fazia outro trajeto, vai entender), achamos o ponto final, compramos os bilhetes (AR$ 6,50 por pessoa ida e volta) e ficamos esperando o motorista aparecer. Quando entramos no ônibus eu tive uma leve desconfiança de que aquilo não ia dar certo. Como este ônibus vai além dos limites de BsAs o veículo era um daqueles usados em viagens intermunicipais (os chamados “ônibus de viagem”) mas na minha modesta opinião aquilo não deveria transitar nem dentro da cidade. Por fora as laterais e as janelas eram todas cobertas com propagandas o que fazia com que o interior do ônibus, além de ser sujo e abafado, ficasse escuro também. As poltronas eram todas velhas e gastas e alguns assentos estavam quebrados. Um dos membros da nossa viagem, que já não passa bem em viagens de ônibus, provavelmente não iria sobreviver às quase duas horas que separavam o centro de BsAs do Temaiken. Enquanto decidíamos se continuávamos ou não, o ônibus se afastava do centro da cidade e, antes que ficássemos no meio da estrada decidimos descer. Não seria dessa vez que conheceríamos o bioparque.
Voltando para a Plaza Itália decidimos fazer um passeio mais ameno: o Jardín Botânico.
São cinco mil espécies de plantas dos cinco continentes, agrupadas pelo local de origem em um terreno de 87 mil metros quadrados. Inaugurado em 1898, foi idealizado e desenhado pelo paisagistas francês Charles Thays. Há três estilos no jardim: o simétrico (de inspiração francesa), o paisagista (com estilo inglês) e o misto. Também há uma seção com a flora argentina, exibindo espécies típicas de cada província. Tem ainda jardim romano, escola de jardinagem e museu botânico. As incontáveis esculturas são de autoria de artistas locais. (Guia O Melhor de Buenos Aires - Editora Abril)
Algumas partes do local estavam em reforma com a construção de novos caminhos entre os canteiros, mas isso não tirou a beleza do lugar. Quando se está lá dentro nem parece que estamos cercados de prédios e ruas movimentadas tamanha a tranquilidade do lugar. As poucas pessoas que se animaram a dar uma caminhada naquela manhã gelada tentavam se aquecer um pouco descansando sob o sol, sentadas nos bancos espalhados pelo jardim.
Além dos canteiros e estufas com plantas das mais diferentes espécies, também enfeitam o local inúmeras estátuas. Algumas delas são reproduções de obras famosas.
Já era meio-dia quando deixamos o Jardín Botânico e fomos procurar um restaurante.
continua no próximo post
2 comentários:
Nunca viu tantos gatos? Quando fui lá vi uns 10... Mas no Rio de Janeiro tem uma praça lá pelo Flamengo que, lá sim, eh mais de um gato por metro quadrado jdsioa, passei por lá de onibus e nao tinha lugar onde nao se enxergasse gatos, coitadinhos, ababandonados lá e sujeitos a qualquer tipo de maldade.
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