Poucas vezes andei de trem quando morava em São Paulo mas todas elas foram bem divertidas. Essa "diversão" era garantida pelos vendedores ambulantes que passeavam de vagão em vagão oferecendo seus produtos àquela distinta clientela. De chicletes à caixa de ferramentas, para comprar o que você queria não era nem preciso descer do trem. Está com fome? Lá vem o vendedor de salgadinhos. Muito calor? Que tal uma cerveja geladinha? Entediado com a viagem? Basta comprar um minigame para passar o tempo. Além de vendedores eles eram também equilibristas. Achava incrível como eles conseguiam trafegar de vagão em vagão carregando uma caixa de isopor cheia de latinhas de refrigerante sem segurar em nada e sem cair, só acompanhando o balanço do trem. Uma das viagens mais marcantes aconteceu num sábado de manhã. Peguei o trem na estação e eis que no canto do vagão, cercada por algumas pessoas estava uma dupla sertaneja, tudo bem que era uma dupla desconhecida - pelo menos para mim - mas não deixava de ser uma dupla sertaneja. De violão em punho e voz quase afinada os cantores alegravam a viagem cantando modas de viola. Juro que na hora não conseguia acreditar no que meus olhos viam e meus ouvidos ouviam mas era tudo verdade pois, no final do show, houve até aplausos.
Aqui em Curitiba nós não temos trem mas temos ônibus biarticulado. Confesso que já estava cansada de ver sempre as mesmas figuras:
-um cara que se recuperou do vício vendendo canetas para a instituição que trata de dependentes químicos.
- um deficiente auditivo vendendo aquelas cartelinhas com a linguagem de sinais.
- um homem com a foto de uma criança doente pedindo doações para ajudar na cirurgia.
- uma mulher de muletas (embora possa andar sem elas) pedindo doações para outra criança.
- a Maria Louca (ela é uma figura tão peculiar que merece uma post só para ela, então para quem ficou curioso, aguardem).
Mas Domingo tive uma surpresa. Peguei o ônibus para ir até o centro da cidade e no meio do caminho surgiram três peruanos para alegrar a viagem. Com uma flauta, um bandolim e um pandeiro começaram a tocar e cantar "la verdadera música de los andes". Eu adorei. Os outros passageiros também mas, como estamos em Curitiba, a maioria continuou fazendo cara de sério. Além da música, outra qualidade daquele trio era o equilíbrio e olha que os ônibus daqui chacoalham bem mais que os trens de São Paulo. Ao final da apresentação aplausos e uma "pequena contribuição para os artistas".
2 comentários:
oi katia, vi o seu recadinho no blog da Larissa, gostei e vim te conhecer, desculpe a intromissão.KKKK
Eu adorei o seu blog, é cheio de histórias divertidas e bem escritas, parabéns!!!Venha me conhecer tb, sou a Valentina, um pouco doidinha mas quero muito ser sempre uma pessoa melhor, beijos...
O que eu não gosto nos ônibus são aquelas músicas. Elas seriam bonitas se eu não tivesse que ouvi-las todos os dias...
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