Se tem uma coisa que eu nunca deixarei de gostar é de Festa Junina. Desde que me conheço por gente esta sempre foi a minha festa predileta. Lembro que na escola todo ano tinha ensaio para a quadrilha e eu sempre estava lá. O problema era conseguir um par, sim porque quando os meninos ainda estavam lá entre os seus seis a oito anos participavam numa boa dos ensaios, mas quando chegavam lá nos nove ou dez anos os "homenzinhos" achavam que já eram grandes o suficiente para se submeterem a esse tipo de coisa. Tirando esse pequeno problema da busca pelo par perfeito, o resto era só festa. Parecia que os ensaios para o grande dia duravam meses e meses (claro que na minha percepção de criança, onde tudo vai passando mais preguiçosamente).
O meu vestido a minha mãe é que se encarregava de fazer.Ter mãe costureira às vezes é um problema porque eu queria mesmo era comprar um vestido (não que os vestidos feitos pela minha mãe não fivassem bonitos) mas ela nunca concordava. Como o mês de Junho é um mês de frio e eu sofria de bronquite o meu vestido era de flanela para que eu não passasse frio e não ficasse doente. Sabe aqueles chapéus de palha cheios de rendinhas e fitas e que têm até trancinha postiça? Pois é, nunca usei um daqueles. Minha mãe achava que ficava mais bonito se eu fizesse as tranças no meu próprio cabelo (que era bem comprido) e colocasse uma fita ou uma flor para enfeitá-lo e assim eu nunca tive a oportunidade de usar o tal chapéu.
Outra coisa que tinha era a venda de votos e a arrecadação de prendas. Levar prendas para a escola significava esvaziar a despensa da sua casa e torcer para sua mãe não perceber. A venda de votos era a parte menos divertida pois teoricamente você teria que pegar um bloquinho com uns cinquenta votos e sair de porta em porta fazendo um olhar de cachorro que caiu da mudança para amolecer o coração dos seus vizinhos e convencê-los a comprar um voto seu. Eu, é claro, nunca fiz isso (se eu fosse sobreviver como vendedora, morreria de fome). Os meus maiores compradores eram meu avô, que sempre comprava alguns votos pra me ajudar, e meu pai, que era quem arcava com o prejuízo quase todo. Lembro que quando estava no pré o menino e a menina que vendessem mais votos seriam o noivo e a noiva e qual é a menina de seis anos de idade que não gostaria de vestir um vestido de noiva todo esvoaçante? Entre os meninos logo apareceu um (por sinal meu amigo) que saiu na frente com a venda dos votos. Já estava definido o noivo. Entre as meninas a disputa ficou entre mim e uma amiguinha minha que morava na mesma rua que eu. Nós ficamos empatadas na venda dos votos. Para resolver o empasse a nossa professora chamou a mim e a minha amiga junto com nossas mães para decidir quem seria a noiva. E qual a maneira mais racional e justa para definir a vencedora? Par ou ímpar! Pois é, nossas mães tiraram par ou ímpar e eu perdi. Como prêmio de consolação eu fiquei com o papel da sogra. É claro que eu preferia ter sido a noiva, centro das atenções, vestir aquele lindo vestido branco todo vaporoso, ter todos os olhares voltados para mim... paciência. Mesmo assim foi muito bom. A nossa professora até montou um teatrinho com umas falas para eu representar bem meu papel de sogra na hora do casamento. Teve até passeio de charrete nos arredores da escola. Mas a dança era a parte que eu mais gostava. Engraçado que é comum as crianças menores chorarem e ficarem com medo ou vergonha de dançar, mas eu não. Sempre adorei dançar quadrilha. Outra parte muito importante da festa eram as barracas de brincadeiras, principalmente a da pescaria que era a minha preferida. Lembro que durante um bom tempo, na rua onde morava, tinha quermesse. Mal começava a festa lá íamos eu e meu pai para a barraca da pescaria. Eu voltava feliz da vida de lá e ele voltava carregado de quinquilharia. Ah! Não posso esquecer dos quitutes juninos: bolo de fubá, pé de moleque, cachorro quente, pipoca, quentão, maçã do amor e aí vai...Ai que coisa mais boa!
Um comentário:
Suas festas juninas parecem ter sido bem mais divertidas que as minhas!
Eu tbém gostava da parte do ensaio, se bem que sempre me dava mal e pegava um par daqueles que ninguém queria! Tudo bem, depois da quadrilha a gente se acabava de comer aquelas guloseimas juninas :)
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